Quinta-feira, 25 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de setembro de 2018
Ainda sonhando com uma vitória já no primeiro turno do pleito presidencial deste ano (hipótese que dificilmente se concretizará, a julgar pelos resultados das mais recentes pesquisas eleitorais), a campanha de Jair Bolsonaro passou a defender a necessidade do “voto útil” imediatamente.
O objetivo: oferecer um “contraveneno” ao movimento de alguns de seus principais adversários na corrida ao Palácio do Planalto, que pregam a mesma estratégia para unir forças em torno de um nome comum, capaz de vencer o candidato do PSL.
De acordo com fontes ligadas ao partido, assessores de Bolsonaro identificaram a existência, com base no discurso da polarização dos extremos, de um risco de mudanças nas intenções de votos que originalmente seriam dados a outros postulantes à Presidência da República.
Ou seja: muita gente que pretendia optar por Geraldo Alckmin (PSDB) ou Marina Silva (Rede) migrou para nomes com mais chances de vitória, como Ciro Gomes (PDT) ou Fernando Haddad (PT).
Com o isolamento de Bolsonaro no primeiro lugar e de Fernando Haddad (PT) na segunda colocação, conforme indicou a pesquisa divulgada na última terça-feira pelo instituto Ibope, as demais candidaturas devem intensificar uma tese: a de que só haverá alternativas no dicotomia entre esquerda e direita, sem a possibilidade de que um candidato de centro chegue ao segundo turno.
Integrantes da campanha de Bolsonaro avaliam que esse comportamento, bem como o discurso em seu favor, pode esvaziar as chances de que o ex-militar amplie a sua margem de vantagem. Isso explica a mudança de estratégia para fidelizar os votos simpáticos a Bolsonaro já no primeiro turno.
Depois de uma transmissão ao vivo de Jair Bolsonaro nas redes sociais, deitado em um leito do hospital paulista Albert Einstein (onde se recupera da facada que recebeu no abdômen durante um ato de campanha no interior de Minas Gerais há duas semanas), um dos filhos do presidenciável reiterou a defesa do “voto útil”.
“Bolsonaro pode estar a um João Amoêdo [Partido Novo] ou a um Alvaro Dias [Podemos] de vencer no primeiro turno”, postou Flávio Bolsonaro no Twitter. Ele se referiu ao empresário e ao senador que contam com baixos índices nas pesquisas mas cujos respectivos eleitores podem ser decisivos caso decidam mudar de ideia e apoiar nas urnas a chapa do PSL.
Vozes contrárias
Nessa quarta-feira, a candidata Marina Silva (Rede) criticou a ideia. “Não existe essa história. Quem prega o ‘voto útil’ está tentando inutilizar o seu voto”, afirmou durante coletiva de imprensa após um evento em São Paulo.
O presidenciável João Amoêdo (Novo), por sua vez, não poupou críticas duras a Bolsonaro e Haddad. Ele garantiu que não apoiará ninguém no segundo turno e nem aceitará cargo no próximo governo: “Estamos em uma eleição do medo, quando deveríamos ser de esperança. Tenho muita dificuldade em apoiar qualquer um deles”.
“Não vejo nenhum dos dois resolvendo os problemas do Brasil”, lamentou. “De um lado está o PT com Lula preso, mensalão, petrolão… De outro, Bolsonaro com 29 anos de Congresso Nacional sem fazer nada, só lembro dele elogiando um torturador confesso e brigando com os deputados Jean Wyllys e Maria do Rosário.”