Domingo, 26 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de setembro de 2018
Após a crise instalada no comitê tucano com a queda nas pesquisas de intenção de voto das eleições 2018, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, pretende tirar proveito eleitoral da repercussão do polêmico plano do economista Paulo Guedes, guru econômico da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), para recriar um imposto nos moldes da extinta CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira), aplicada no País no período de 1997 a 2007.
Na propaganda eleitoral de TV da reta final de campanha, Alckmin deve explorar o tema e o que chama de “contradições” do adversário, primeiro colocado nas pesquisas de intenções de voto.
Anunciado pelo próprio Bolsonaro como ministro da Fazenda em caso de vitória do PSL, Guedes disse a portas fechadas, para um pequeno grupo de investidores, que pretende adotar um imposto incidente sobre movimentações financeiras, a exemplo da antiga CPMF. O novo tributo teria o objetivo de financiar a Previdência Social.
A proposta deu munição para ataques dos rivais e expôs divergências na campanha de Bolsonaro. Internado no Hospital Albert Einstein, onde se recupera de duas cirurgias sofridas após um atentado, no último dia 6, o candidato do PSL não escondeu a contrariedade com o rumo da discussão e escreveu no Twitter que sua equipe trabalha em um programa para redução da carga tributária.
“Chega de impostos é o nosso lema! Somos e faremos diferente”, afirmou Bolsonaro nas redes sociais. Vice na chapa do capitão reformado, o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) também se mostrou contrário à criação de novos impostos. “É um tiro no pé”, disse ele.
Improviso
Coordenador da campanha de Alckmin, o presidente do DEM, ACM Neto, afirmou que a proposta apresentada por Guedes é uma “clara contradição” com o discurso do candidato do PSL na área econômica.
“Em primeiro lugar, a criação da CPMF, o imposto do cheque, é uma pauta do PT”, argumentou ACM Neto, que também é prefeito de Salvador. “Está evidente que Bolsonaro não tem projeto para o País e as coisas ali são feitas na base do improviso. Ninguém sabe qual a reforma tributária que ele pretende fazer.”
Em entrevista ao site BR-18, Guedes disse que, caso Bolsonaro chegue ao Palácio do Planalto, a alíquota do novo imposto poderá ficar entre 0,40% e 0,50% sobre cada transação financeira. O economista negou que pretenda criar uma única alíquota de Imposto de Renda, de 20%, para as empresas e para as pessoas físicas, como foi divulgado.
Ele afirmou, ainda, que o plano é reduzir para 20% as duas maiores alíquotas do IR de Pessoa Física, de 27,5% e de 22,5%, e aumentar para os mesmos 20% o imposto de quem recebe como Pessoa Jurídica, hoje em 17,5%.
A estratégia da campanha de Alckmin para tentar sair das cordas consiste em bater em Bolsonaro e no ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), isolado na segunda posição nas pesquisas, e pregar o medo entre os eleitores, sob o argumento de que o País não pode dar um “salto no escuro”.
O comando da candidatura tucana pretende ressaltar que, se o Brasil for comandado por Bolsonaro ou “pelo PT”, viverá um período de ingovernabilidade, podendo até mesmo experimentar um novo processo de impeachment, como ocorreu com a então presidenta Dilma Rousseff, cassada em 2016, no segundo mandato.