Quarta-feira, 07 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2018
Planejada em meio a um clima de apreensão na cúpula do futuro governo, a posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, no dia 1º de janeiro, deve ter um dos maiores esquemas de segurança da história do País. O plano vem sendo discutido há semanas em grupos que reúnem o atual staff do presidente Michel Temer e a equipe de transição do futuro governo.
Auxiliares do Palácio do Planalto revelam, extraoficialmente, que todo o evento está sendo pensado de modo a reduzir ao mínimo possível os riscos de um atentado com arma-de-fogo. Por causa da estrutura necessária, o custo total da cerimônia deve chegar a R$ 1 milhão, quase o dobro do gasto em edições anteriores.
Além de usar colete à prova de balas, o presidente eleito deve ser acompanhado de perto por atiradores de elite nos prédios da Esplanada e um grande contingente de agentes disfarçados no meio da multidão, durante todo o tempo em que estiver exposto publicamente. Ainda não teria sido descartada a possibilidade de Bolsonaro realizar em carro fechado o percurso do desfile até o Congresso Nacional.
“Estão todos [da equipe] torcendo pela chuva em Brasília”, revela um auxiliar do futuro Executivo federal. “Se o tempo ‘ajudar’, o presidente não precisará desfilar em carro aberto.”
Zona monitorada
Para afastar qualquer atividade hostil, a Esplanada dos Ministérios será isolada e convertida em uma espécie de “zona de exclusão” nos dias que antecederão a posse. Bloqueadores de radiofrequência serão usados para dificultar a comunicação de potenciais criminosos e tropas do Exército já estão escaladas para isolar e monitorar o entorno da Esplanada.
O espaço destinado ao desfile e o evento no Palácio do Planalto serão controlados pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República. No Congresso Nacional, a segurança será feita pela Polícia Legislativa.
Um contingente de até 12 mil homens estará envolvido direta ou indiretamente na operação. Isso inclui integrantes das Forças Armadas, Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, bombeiros e Departamento de Trânsito do Distrito Federal.
O efetivo de segurança armado para proteger o presidente eleito contrasta com o plano de posses anteriores. Em 2010, por exemplo, o desfile da então presidenta Dilma Rousseff contou com pouco mais de 2,6 mil homens. Em 2014, com o clima de conflagração da disputa eleitoral, a posse da petista para o segundo mandato chegou a mobilizar 4 mil homens.
Controle
O governo comprou 32 quilômetros de cercas de aço para isolar o perímetro e criar espaços controlados de circulação para o público. Além de revistar cada pessoa, haverá controle de volumes, até mesmo garrafas d’água serão fracionadas para evitar potenciais ataques com coquetel molotov.
Conforme revelou em entrevista recente à imprensa o vice-presidente eleito, ex-general Hamilton Mourão, o serviço de inteligência do governo descobriu planos para matar Bolsonaro. A suposta movimentação teria incluído a participação de grupos terroristas internacionais, o emprego de atiradores de elite e até um carro-bomba.
Desentendimento
Fontes do governo que atuam nesse grupo de planejamento da posse revelaram que nem todos os detalhes ainda foram fechados. Há alguns dias, o clima teria ficado tenso entre o GSI (que faz a segurança do presidente) e a Polícia Legislativa do Senado, que cuidará do esquema de segurança durante a passagem do presidente eleito pelo Congresso Nacional.
Isso porque membros do GSI consideram frágil o esquema pensado pela Polícia Legislativa e solicitaram mudanças que não foram bem recebidas pelos agentes do Parlamento, considerando-as como uma interferência.
O culto na Catedral de Brasília ainda não foi descartado do roteiro de Bolsonaro no plano de segurança, embora integrantes da área militar considerem imprudente manter a parada. Pelo roteiro, Bolsonaro já deve sair do Palácio da Alvorada para a posse.
A sessão solene do Congresso começará por volta de 15h e dará posse ao presidente eleito. O desfile em carro aberto ainda é uma incógnita. Tanto no Congresso quanto no Planalto, o esquema será rígido até mesmo para jornalistas, que serão impedidos de se deslocar entre diferentes ambientes do Planalto e do Congresso.