Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de março de 2018
A China pediu nesta segunda-feira (26) aos Estados Unidos o fim da “intimidação econômica”, depois que o presidente Donald Trump anunciou novas tarifas de importação, em uma declaração da porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying. Na quinta-feira, o presidente americano anunciou tarifas de importação para produtos chineses, uma medida que segundo o vice-presidente Mike Pence acaba com a “era da rendição econômica”.
Em reposta a este comentário, a porta-voz chinesa afirmou nesta segunda-feira que “teria sido mais apropriado dizer que é o momento de acabar com a intimidação e a hegemonia econômica dos Estados Unidos”.
“Nossa porta sempre está aberta ao diálogo e à consulta”, completou, no entanto, a porta-voz do ministério chinês.
EUA x China
Estados Unidos e China são as maiores economias do mundo e também sócias tanto em questões comerciais quanto financeiras, a despeito das enormes diferenças entre seus sistemas econômicos. Analistas afirmam que estamos à beira de uma guerra comercial. Washington, que acusa Pequim de competição desleal e roubo de propriedade intelectual, decidiu abrir uma ofensiva comercial, ao impor tarifas para tentar corrigir os desequilíbrios que considera lesivos a seus interesses. A China reagiu: afirmou que não tem medo de uma guerra comercial” e divulgou uma lista de produtos americanos passíveis de tarifação em represália às medidas adotadas por Washington.
Os Estados Unidos exportaram US$ 130,4 bilhões em bens para a China em 2017 e importou do país asiático US$ 505,6 bilhões, segundo o Departamento de Comércio americano. Entre as exportações americanas estão US$ 16,260 bilhões em aviões civis Boeing e equipamentos aeronáuticos, US$ 12,360 bilhões em soja, US$ 10,520 bilhões em automóveis e US$ 6,070 bilhões em microprocessadores.
Já a China vende uma enorme variedade de produtos, como telefones (US$ 70,390 bilhões), computadores (US$ 45,520 bilhões), equipamentos de telecomunicações (US$ 33,480 bilhões), vestuário (US$ 24,1 bilhões) e móveis (US$ 20,660 bilhões).
Ao contrário do que ocorre no comércio de bens, os Estados Unidos têm superávit com a China no comércio de serviços. Em 2017, os EUA venderam US$ 38,480 bilhões em serviços ao país asiáticos. Não há dados recentes sobre a venda de serviços chineses nos EUA. Em 2015, o Departamento de Comércio indicou um superávit de US$ 32,9 bilhões. Os maiores serviços chineses exportados eram viagens (US$ 30,170 bilhões).
O déficit comercial dos EUA com a China é o centro da disputa entre os dois países. Em 2017, o número subiu 8,1% e alcançou US$ 375,2 bilhões. Isso significa que a diferença entre o que os Estados Unidos compram do país asiático e vendem é de quase US$ 400 bilhões. Em 1985, o primeiro ano da série histórica das transações comerciais entre os dois países, o déficit comercial era de apenas US$ 6 bilhões.
Em sua campanha presidencial, Trump prometeu frear práticas comerciais chinesas que considera desleais e que acabam roubando empregos de americanos e ampliando o déficit. Um dos setores mais delicados é o de aço: a China tem um excesso de capacidade de produção siderúrgica e os EUA acusam o país de inundar o mundo com produtos baratos. Com a suspensão de Brasil, México, Argentina e União Europeia da sobretaxa sobre as importações de aço para os EUA, o país asiático será o principal prejudicado.