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Por Redação O Sul | 28 de junho de 2020
Em meados de junho, as tropas dos dois gigantes asiáticos envolveram-se em violentos confrontos, no vale de Galwan, no oeste dos Himalaias, que resultaram na morte de 20 militares indianos. A China não confirmou se houve baixas entre as suas fileiras, em resultado daquele que foi o pior confronto entre os gigantes asiáticos desde 1962.
Segundo o jornal chinês Diário da Defesa, um jornal militar oficial, cinco novas divisões da milícia, incluindo lutadores de artes marciais mistas e alpinistas que participaram na equipa que transportou a Tocha Olímpica ao topo do Everest, foram apresentados em 15 de junho durante uma inspeção oficial em Lhasa.
O canal de televisão nacional CCTV divulgou imagens de centenas de soldados em formatura na capital do Tibete, na região próxima da fronteira com a Índia. O envio das milícias, incluindo os elementos de artes marciais mistas, “vai melhorar muito a organização e a força de mobilização” das tropas bem como a sua “velocidade de resposta”, referiu Wang Haijiang, comandante da zona regional militar, citado pelo jornal.
Os milicianos foram recrutados para “fortalecer a fronteira”, sublinha o Jornal Diário da Defesa num artigo publicado na semana passada na rede social WeChat, segundo avança a agência France-Presse.
O jornal não estabelece nenhuma relação direta entre este reforço de presença junto à fronteira e as tensões com a Índia. A Índia anunciou que intensificou o envio de tropas para a região. A China reivindica cerca de 90.000 quilómetros quadrados de território no nordeste da Índia. A Índia diz que a China ocupa 38.000 quilómetros quadrados de território no planalto de Aksai Chin, na região dos Himalaias, uma parte contígua da região de Ladakh.
A Índia declarou unilateralmente Ladakh um território federal em agosto de 2019. A China foi dos poucos países a condenar fortemente a medida, referindo-a em fóruns internacionais, incluindo no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A ONU instou os dois lados a “exercerem máxima contenção”.
Entenda o conflito
A tensão aumentou recentemente com provocações vindas dos dois lados. Ambos os países passaram a construir infraestrutura nas regiões autônomas sob seus domínios. A Índia, por exemplo, construiu aeródromos e estradas em Ladakh, uma delas bem perto do Vale Galwan. A China também ampliou uma de suas rodovias para dentro de uma das áreas em disputa territorial em 2017 – além do Vale Galwan, há outros pontos de tensão ao longo da Linha de Controle Real, como o Lago Pangong, uma grande atração turística da região.
Os dois países também passaram a aumentar a presença militar ao longo da fronteira. No fim de abril, a China enviou milhares de soldados para a região, junto com veículos e artilharia. Um ex-general indiano afirmou que nas últimas semanas a China invadiu até 40 quilômetros quadrados de território indiano.
No começo de maio, houve brigas entre militares indianos e chineses e alguns ficaram feridos. Já no começo de junho, autoridades dos dois países se encontraram em uma tentativa de diminuir as tensões na fronteira, mas pelo que aconteceu nesta segunda-feira, os esforços foram em vão.
Para piorar a situação, a China realizou exercícios militares na região do Tibete recentemente, visando a destruição de importantes centros hostis em uma região montanhosa de alta altitude. Um anúncio feito na imprensa estatal chinesa deu a entender que o exército chinês está se preparando para um eventual confronto em terreno semelhante.