Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 30 de abril de 2019
A comunidade internacional está novamente dividida em relação à crise na Venezuela, logo após o anúncio feito nesta terça-feira (30) pelo autoproclamado presidente Juan Guaidó de que as Forças Armadas estariam ao seu lado, em oposição ao regime de Nicolás Maduro. Países que já reconhecem a autoridade de Guaidó, como Brasil e Estados Unidos, comemoraram a possibilidade de militares venezuelanos se aliarem à oposição. Já as nações que mantêm o apoio a Maduro, como Cuba, Rússia e Bolívia, acusam a oposição de dar um golpe.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, garantiu o suporte de Washington ao que chamou de “busca pela liberdade e democracia”. “A democracia não pode ser derrotada. O Exército deve proteger a Constituição e o povo”, afirmou. O Brasil, através do ministro das Relações Ernesto Araújo, disse esperar que os militares “apoiem a transição democrática” na Venezuela e garantiu que está acompanhando o desenrolar da crise “minuto a minuto”.
“Hoje, 30 de abril, é um momento histórico para o retorno à democracia e à liberdade na Venezuela, que o Parlamento Europeu sempre apoiou. A libertação do vencedor do Prêmio Sakharov Leopoldo López pelos militares é uma grande notícia. Adiante com a Venezuela livre”, escreveu, por sua vez, o presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, via Twitter, referindo-se à saída do líder opositor venezuelano da prisão domiciliar, o que poderia representar um alinhamento militar contra Maduro.
Oficialmente, porém, a UE (União Europeia) fez um apelo contra a violência nos protestos na Venezuela e pela convocação de novas eleições. “Diante das informações que estão chegando nesse momento sobre os acontecimentos na Venezuela, seguimos a evolução do caso e preferimos não comentar”, disse um porta-voz do bloco. “Ressaltamos, porém, a nossa posição sobre a necessidade de encontrar uma solução pacífica e política para a crise na Venezuela, através de eleições justas”.
A Espanha, que foi um dos primeiros países a apoiar Guaidó como presidente autoproclamado e interino, também exigiu novas eleições. “Não apoiaremos um golpe de Estado na Venezuela. Defendemos um processo democrático pacífico e pedimos a imediata convocação das eleições”, afirmou Isabel Celaá, porta-voz do premier espanhol, Pedro Sánchez.
Assim como já havia fazendo, o governo da Itália preferiu não tomar posições oficialmente. “Expressamos profunda preocupação com a tentativa de golpe de Estado em curso na Venezuela e pelos riscos de derivar uma violenta crise política que, como várias vezes alertou o governo italiano à UE, deveria ser resolvida com o diálogo e a convocação de novas eleições”, disseram membros do partido governista Movimento 5 Estrelas (M5S) na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O vice-premier e ministro do Interior Matteo Salvini, por sua vez, defendeu a queda do “ditador” Nicolás Maduro. “Pelo bem do povo venezuelano e dos muitíssimos italianos que há anos sofrem por culpa de um dos últimos regimes comunistas na face da terra, desejo uma solução pacífica e não violenta da crise e que leve a eleições livres para afastar o ditador Maduro”, disse.
Já o secretário-geral da ONU (Organizações das Nações Unidas), António Guterres, pediu “máxima moderação” para evitar uma escalada da violência na Venezuela. Segundo seu porta-voz, Stéphane Dujarric, Guterres segue os acontecimentos no país latino “com preocupação” e cobra “ações imediatas para restabelecer a calma”.