Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 31 de julho de 2019
Como reflexo da digitalização e da concorrência das fintechs (empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros), os grandes bancos vêm reduzindo suas estruturas, com fechamento de agências e corte de pessoal. O Itaú Unibanco acaba de anunciar um programa de demissão voluntária (PDV) que pode atingir até 6,9 mil funcionários — seguindo os passos de bancos públicos como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Entre os bancos privados, mais de 200 agências fecharam este ano, movimento liderado pelo próprio Itaú Unibanco. Mas os ganhos se mantêm: as três maiores instituições privadas do País lucraram R$ 32,2 bilhões no primeiro semestre, alta de 17,9% frente ao mesmo período de 2018.
Felipe Silveira, analista da corretora Coinvalores, ressalta que as instituições tradicionais estão se preparando para enfrentar, a médio, prazo um ambiente de maior competição, devido ao avanço de bancos digitais e fintechs.
“Os bancos têm feito um movimento para buscar eficiência em um novo momento para o setor, de competição mais acirrada. Em algum momento, a oferta de contas e serviços digitais vai pressionar (as receitas) dos bancos. Nesse cenário, há a oportunidade de reduzir o tamanho da rede”, avaliou Silveira.
Ações em queda
Essa perspectiva de maior concorrência fez as ações dos bancos recuarem ontem na Bolsa. A maior queda foi dos papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) do Itaú Unibanco, que recuaram 3,3%. Já as ações PN do Bradesco caíram 2,1%, enquanto os papéis ordinários (ON, com direito a voto) do Banco do Brasil perderam 1%.
“Os investidores veem poucos gatilhos de crescimento diante de um cenário econômico desafiador e de um ambiente de concorrência alto, principalmente com fintechs e bancos digitais ganhando relevância”, disse Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial.
O Itaú Unibanco fechou 212 agências no primeiro semestre. Segundo o presidente da instituição, Candido Bracher, isso ocorre pela digitalização de serviços e pela “quantidade considerável” de agências próximas, em decorrência das fusões. Ele disse que o movimento vai continuar, mas que o número de agências a serem fechadas nos próximos meses não deve ser superior ao do primeiro semestre.
Os funcionários alvo do PDV são aqueles que já completaram 55 anos e cumprem alguns requisitos, como ter usufruído de algum tipo de estabilidade, por licença médica, por exemplo. No semestre, o quadro de pessoal do banco foi reduzido em 1.043 funcionários, para 98.446.
“Miramos um público que acreditamos poder estar mais propenso e desejoso de uma alteração de carreira, ou por conta da idade ou porque já está em uma situação mais estável”, disse Bracher.
O BB anunciou na segunda-feira um plano para cortar até 3 mil funcionários, e aC ai xajá está com um PDV aberto.
O Bradesco também vem fechando agências. Entre janeiro e junho, foram 36, para 4.581. O banco vem ajustando sua rede desde a comprado HSBC Brasil. Em 2016, eram 5.314 unidades tradicionais.
Já o Santander abriu 40 agências no primeiro semestre. O banco, porém, tem uma rede menor que a dos concorrentes e tem se concentrado em se instalar onde tem presença menor ou para atender necessidades específicas de uma região, como a demanda por crédito rural.
Para Silveira, a curto prazo a concorrência está sendo mais sentida nas tarifas, com a oferta de conta corrente com isenção de taxas, por exemplo. A médio prazo, com a retomada da economia, ele acredita que essa competição pode chegar às operações de crédito, levando a uma redução dos spreads (diferença entre o custo do dinheiro e o que os bancos cobram para emprestar). As informações são do jornal O Globo.