Domingo, 16 de junho de 2024
Por Redação O Sul | 17 de abril de 2019
A decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes de mandar a revista eletrônica Crusoé tirar do ar uma reportagem sobre o presidente da Corte, José Dias Toffoli, aumentou as críticas que os seus colegas Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber vinham fazendo, nos bastidores, ao inquérito aberto pelo presidente do STF para apurar ataques ao tribunal.
O ministro Celso de Mello também protestou, ainda que mais comedidamente, de acordo com informações divulgadas pela revista Época.
General
O general da reserva Paulo Chagas atribuiu a operação da PF (Polícia Federal) deflagrada na terça-feira (16), ordenada pelo STF no inquérito sobre ataques contra a Corte, à possibilidade de o presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli, e os seus colegas terem cometido irregularidades. Ele disse que Toffoli mandou abrir inquérito sobre supostas ofensas e ameaças aos ministros, embora seus “conhecidos e grandes juristas brasileiros se manifestem na imprensa dizendo que ele não tinha esse poder”.
A investigação é conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes. Chagas foi alvo de busca e apreensão na operação da PF. “Não faço crítica à ação em si, mas à atitude defensiva dele, que, para mim, demonstra que está se defendendo para esconder alguma coisa. A melhor defesa é o ataque. Então, resolveu atacar para se defender”, declarou Chagas.
O general ponderou que suas suspeitas são como cidadão e que não conhece provas sobre eventuais irregularidades cometidas pelos ministros. “Para mim [a operação] é o melhor indício de que existe alguma coisa. Não tenho dúvida, no sentido pessoal da dúvida.”
O general criticou o que chama de aparelhamento do Supremo pelos governos do PT e os antecessores. “Cada um [governo] botou lá aquele que defendia seus próprios interesses. Conhecimento jurídico, o elevado conhecimento jurídico, foi deixado como segundo critério. O primeiro critério é a identificação ideológica”, disse. Para ele, esse suposto aparelhamento se reflete agora na postura do Supremo diante de investigações contra políticos e altas autoridades do País.
“Na hora em que sai uma Operação Lava-Jato e começam a aparecer os podres, todo mundo quer se proteger no STF. Isso é outro indício de que alguma coisa não está certa”, comentou, acrescentando que os investigados deveriam “fugir do Supremo”, mas que ocorre o contrário. “A Corte deveria ser a mais rigorosa. Aparentemente, para um cidadão comum, como eu, parece que a Suprema Corte é um abrigo para o crime do colarinho branco.”