Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de julho de 2023
Em um País como o Brasil, que lutou por anos a fio contra a hiperinflação, pensar em deflação ainda pode soar meio estranho. Mas ela dá as caras de vez em quando. Mas, afinal, o que é deflação, e qual seu impacto para a economia?
A deflação se caracteriza pela queda generalizada dos preços durante um determinado período de tempo – é o oposto da inflação. Em geral, está associada a uma queda da demanda pelos produtos, seja porque a oferta de bens e serviços cresceu mais do que a procura, seja porque os consumidores ficaram mais retraídos em relação aos gastos (preferindo elevar o nível de poupança, por exemplo).
Há também as quedas de preços “artificiais”, provocadas por movimentos dos governos, por exemplo. No final de 2022, quando o Brasil registrou três meses seguidos de deflação, o motivo foi principalmente a redução de impostos incidentes sobre produtos como combustíveis e energia, sem haver uma queda generalizada de preços, o que caracterizaria uma deflação “clássica”.
Oferta
Para os consumidores, deflação pode parecer uma coisa boa, já que significa redução de gastos e mais dinheiro no bolso. Mas uma deflação persistente não é um bom sinal quando se pensa na economia como um todo. É um sinal de debilidade da atividade econômica.
Quando há excesso de oferta de bens, ou ausência de demanda, há um aumento da capacidade ociosa na produção, e investimentos em novas fábricas, ou ampliação de linhas, por exemplo, deixam de fazer sentido.
Um dos efeitos disso acaba sendo o aumento do desemprego. O remédio para combater esse quadro costuma ser o aumento dos gastos públicos, que pode levar a um endividamento maior do Estado. Ou seja, torcer para uma deflação permanente pode não ser uma boa ideia.
Junho
O Brasil teve uma deflação de 0,08% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse número, a inflação acumulada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses é de 3,16%.
Além da forte desaceleração observada nos números oficiais – vale lembrar que, há um ano, o IPCA de 12 meses era bem maior, de 11,89% –, as expectativas do próprio mercado financeiro para a inflação brasileira em 2023 vêm caindo há meses.
Segundo o Boletim Focus, relatório do Banco Central do Brasil (BC) que reúne as projeções de economistas para os principais indicadores econômicos do país, o IPCA deve encerrar este ano em uma alta de 4,95%.
Essa foi a oitava queda consecutiva na mediana das projeções apontadas pelo Focus e, caso as expectativas se concretizem, a inflação encerrará 2023 muito próxima da meta do BC, de 3,25% – podendo oscilar entre 1,75% e 4,75%.