Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Porto Alegre

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Política A deputada Carla Zambelli, aliada de Bolsonaro, antecipou que haveria operações da Polícia Federal contra governos estaduais

Compartilhe esta notícia:

Em entrevista na segunda (25), ela disse que operação "Covidão" estava para sair

Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Defesa confirma as buscas e nega irregularidades da deputada. (Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados)

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), uma das principais aliadas do presidente Jair Bolsonaro no Congresso, antecipou na segunda-feira (25), em entrevista à Rádio Gaúcha, que a PF (Polícia Federal) estava prestes a deflagrar operações contra desvios na área da saúde nos Estados.

Um dia depois, nesta terça (26), a PF cumpriu mandados na residência oficial do governo do Rio de Janeiro. O governador, Wilson Witzel, e a mulher, Helena, foram alvos. A operação, batizada de Placebo, apura desvio de verbas que deveriam ser usadas no combate à pandemia do coronavírus.

Na entrevista, Zambelli falava sobre a demissão do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Ex-aliada de Moro, ela disse que algumas operações da PF que estavam “na agulha” começaram a ser executadas depois da saída do ex-ministro. Nesse ponto da entrevista, ela mencionou uma operação que, segundo a deputada, se chamaria “Covidão”, em referência à pandemia.

“A gente já teve operações da Polícia Federal que estavam na agulha para sair, mas não saíam. E a gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar talvez de Covidão, ou de, não sei qual é o nome que eles vão dar, mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal”, afirmou a deputada.

Perguntado sobre a operação nesta terça, Bolsonaro respondeu: “Parabéns à Polícia Federal. Fiquei sabendo agora pela mídia. Parabéns à Polícia Federal”.

Em seguida, jornalistas questionaram se Zambelli soube antecipadamente da operação. O presidente disse: “Pergunta para ela.”

Wilson Witzel, alvo da Placebo, é um dos principais rivais políticos de Bolsonaro. O presidente intensificou as críticas ao governador do Rio depois da adoção de medidas de isolamento social no Estado, como forma de conter o coronavírus. Bolsonaro é contra as medidas.

Questionada sobre a entrevista de Zambelli, a Polícia Federal disse que não comenta declarações de parlamentares.

Diante da repercussão da entrevista, após a deflagração da operação, a deputada escreveu que no Twitter que não ficou sabendo da Placebo com antecedência.

“Se eu tivesse informações privilegiadas e relações promíscuas com a PF, a operação de hoje seria chamada de ‘Estrume’ e não ‘Placebo’, disse Zambelli na rede social.

Na reunião interministerial do dia 22 de abril, cuja íntegra foi divulgada na semana passada por decisão da Justiça, Bolsonaro usa o xingamento “estrume” para se referir a Witzel.

No início da tarde desta terça, Zambelli divulgou uma nota para falar sobre a entrevista à rádio. Ela disse que, ao falar sobre operações futuras, estava repetindo informações que, segundo ela, já eram de conhecimento público.

“Eram [as informações] conhecidas e foram publicadas na mídia de que em vários estados estavam sendo realizadas investigações da Polícia Federal e das respectivas polícias civis sobre esquemas de corrupção com recursos públicos federais”, afirmou a deputada na nota. Ela reiterou que não informada sobre a Placebo antecipadamente.

Nota

Em nota, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), disse que é notória a ligação de Zambelli com a associação de delegados federais e defendeu a apuração de um eventual vazamento da operação para a deputada.

“Sobre as suspeitas de que a deputada Carla Zambelli (PSL- SP) foi informada antecipadamente da Operação, é conhecido e notório o vínculo da parlamentar com a Associação de Delegados, desde quando era líder do movimento ‘Nas Ruas’. Esse laço se demonstra pela participação de Zambelli em eventos, vídeos e homenagens. A Fenapef defende a apuração, com responsabilidade e profundidade, sobre a possibilidade de que esse vínculo possa ter sido utilizado para a obtenção de alguma informação privilegiada”, escreveu a federação na nota.

“Não estou à venda”

Zambelli se tornou conhecida nacionalmente após a demissão de Moro. Ele deixou o governo acusando Bolsonaro de tentativa de interferência na Polícia Federal. Como prova, Moro mostrou mensagens que trocou com o próprio presidente e com a deputada.

Na conversa de Moro com Zambelli, ela tenta convencer o ministro a aceitar a troca no comando da PF, desejada por Bolsonaro (a mudança na direção-geral acabou ocorrendo dias depois, à revelia de Moro, e motivou a decisão do ministro de se demitir).

Para convencer Moro, Zambelli disse que, se aceitasse a mudança na PF, ele poderia ser indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Moro respondeu que não estava “à venda”.

“E vá em setembro pro STF”, enviou a deputada. “Eu me comprometo a ajudar”, acrescentou. “A fazer JB [Jair Bolsonaro] prometer”.

Respondeu: “Prezada, não estou à venda”.

Desde que Moro se demitiu, há um mês, Zambelli vem sendo presença constante no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente Bolsonaro. Ela se tornou uma das parlamentares mais próximas dele.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Política

Ministros do Supremo defendem independência do Judiciário
Governo autoriza contratação de 5.158 profissionais de saúde para combater o coronavírus
https://www.osul.com.br/a-deputada-carla-zambelli-aliada-de-bolsonaro-antecipou-que-haveria-operacoes-da-policia-federal-contra-governos-estaduais/ A deputada Carla Zambelli, aliada de Bolsonaro, antecipou que haveria operações da Polícia Federal contra governos estaduais 2020-05-26
Deixe seu comentário
Pode te interessar