Domingo, 18 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 7 de março de 2025
A direita brasileira chega ao cenário eleitoral de 2026 diante de um impasse. As inelegibilidades do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do ex-influenciador Pablo Marçal (PRTB) limitam, por ora, opções para a disputa presidencial, e o campo conservador ainda não conseguiu consolidar um nome forte o suficiente para rivalizar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Especialistas apontam que, apesar do desgaste do governo Lula, a fragmentação no campo da direita pode dificultar a competitividade da oposição.
O cientista político e sócio da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, avaliou que “a direita tem um grande potencial eleitoral em 2026 por causa da queda de popularidade de Lula e da manutenção de uma forte polarização política no País”. “Outros fatores são as perspectivas econômicas, com inflação, sobretudo de alimentos e serviços, ainda alta, taxa de juros com tendência de alta. Ou seja, podemos chegar a 2026 com um crescimento não tão dinâmico para alimentar um projeto de reeleição e trazer um sentimento de continuidade para o eleitor (sobre Lula).”
No entanto, Cortez ponderou que a direita precisa superar desafios. “Vai ter que ter um trabalho de construção, de aproveitar essa oportunidade. Dados os desafios jurídicos e políticos de Bolsonaro – o único nome com capital político para unir o campo conservador e ter um grau de competitividade –, a tendência é de fragmentação no primeiro turno.”
“Órfã”
Na mesma linha, o cientista político Paulo Ramirez, da Fundação Escola de Sociologia Política de São Paulo (FespSP) e ESPM, destacou que, caso o ex-presidente siga inelegível, a direita ficará “órfã” de um grande líder capaz de aglutinar votos. “O nome do governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas (Republicanos), surge como uma opção, mas há um detalhe importante: desde a redemocratização, com exceção do (Fernando) Collor, cargos Executivos em Estados e municípios nunca foram trampolim direto para a Presidência. O PSDB que o diga”, afirmou, referindo-se às tentativas frustradas de tucanos ao Planalto ao longo das últimas décadas.
O governador de São Paulo é considerado um aliado estratégico de Bolsonaro, mas ainda evita se comprometer publicamente com uma candidatura presidencial. Para o cientista político Ricardo Ribeiro, analista da MCM 4Intelligence, essa hesitação tem fundamento. “Para Tarcísio, o custo de oportunidade de deixar uma reeleição quase garantida em São Paulo para entrar numa eleição presidencial incerta é muito alto”, pontuou.
Nomes
Além de Tarcísio, outros nomes são citados, como os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
No entanto, os especialistas concordam que ambos sofrem com a falta de projeção nacional. Outro nome que ganha atenção é o do cantor sertanejo Gusttavo Lima.