Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 10 de outubro de 2020
Os Estados Unidos estão a caminho de registrar uma dívida pública superior ao seu Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). Os dados oficiais ainda não foram publicados, mas, segundo a rede CNN, citando cálculos da Comissão por um Orçamento Fiscal Responsável (CFRB, pela sigla em inglês), o endividamento deve chegar a 102% do PIB.
Este é o maior patamar desde 1946 – logo após a Segunda Guerra Mundial –, quando a dívida atingiu 106,1% do PIB.
Segundo um monitor fiscal do Departamento do Tesouro americano, atualizado diariamente, em 30 de setembro a dívida pública era de US$ 21 trilhões. No ano-calendário de 2019, o PIB foi de US$ 21,73 trilhões.
“A dívida hoje é do tamanho da economia. Logo estará maior que em qualquer período da História”, disse à CNN a presidente da CRFB, Maya MacGuineas.
Os EUA também estão vendo seu déficit orçamentário crescer. O Escritório de Orçamento do Congresso estima que o rombo para o ano fiscal chegue a US$ 3,13 trilhões, ou 15,2% do PIB. Esse percentual é o triplo do registrado em 2019 e o maior do pós-guerra.
O crescimento se deve, em grande parte, aos gastos federais para combater os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19. Só no segundo trimestre foram US$ 4 trilhões.
O endividamento elevado consome recursos do governo para pagar os credores.
Com a possibilidade de eventos inesperados no futuro – como este ano, com a pandemia –, uma dívida acima do PIB, somada ao déficit orçamentário, aumenta o risco de uma crise fiscal.
Nesta última semana, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, afirmou que o Orçamento federal está “em um caminho insustentável”. Ele admitiu, no entanto, por causa da crise sanitária, “este não é o momento para dar prioridade a essas preocupações”.
Proposta de estímulo econômico
A presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, afirmou neste sábado )(10) que a nova proposta de estímulo econômico elaborada pelo governo de Donald Trump, no valor de 1,8 trilhão de dólares, é “um passo adiante, dois passos para trás” e que vai precisar de mudanças para contar com apoio dos democratas no Congresso.
Em mensagem semanal a colegas democratas, Pelosi disse que a proposta de Trump carece de “um plano estratégico para esmagar o vírus” e dá ao presidente liberdade demais para decidir como os recursos serão alocados.
“Neste estágio, ainda não concordamos com muitas prioridades, e os democratas estão esperando uma comunicação do governo sobre várias provisões, conforme as negociações sobre o plano continuam”, disse Pelosi na mensagem.
O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, mencionou a proposta de 1,8 trilhão de dólares em uma conversa por telefone de 30 minutos, segundo a Casa Branca.
A nova proposta do governo Trump é maior que a oferta de 1,6 trilhão feita anteriormente por Mnuchin e está mais próxima dos 2,2 trilhões que a Câmara dos Deputados, controlada por democratas, aprovou na semana passada. As informações são do jornal O Globo e da agência de notícias Reuters.