Domingo, 09 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de abril de 2020
Pelas previsões do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a economia brasileira, baqueada pelo avanço do coronavírus, vai começar a melhorar a partir do quarto trimestre deste ano. “O último trimestre vai mostrar melhoras. Obviamente de uma base muito baixa. Agora a dúvida é o terceiro trimestre, o quanto vai ser impactado”, diz Campos Neto.
O chefe do BC é o entrevistado deste domingo, 19, no programa Poder em Foco, do SBT, que vai ao ar logo após o Programa Silvio Santos. Na atração, Campos Neto foi questionado sobre a projeção do Fundo Monetário Internacional que aponta retração de 5,3% da economia do Brasil neste ano. Ele disse que o banco apresentará sua estimativa, em breve, em comunicado oficial e que tudo vai depender da extensão da parada da economia nessa quarentena.
“Eu acho que as pessoas que hoje fazem conta de quanto vai ser o crescimento brasileiro elas estão estimando quanto tempo vai ficar parado e como vai ser essa parada. Eu acho que nunca esteve tão difícil fazer previsão de crescimento, porque é um fenômeno muito diferente, muito novo, a gente não viu”, analisou. Campos Neto observou que em alguns lugares a movimentação começou a voltar e apostou que a economia voltará aos trilhos e aos projetos econômicos da agenda liberal do Governo.
“É muito importante deixar claro para as pessoas que a gente está fazendo um desvio, não só o Brasil como o mundo inteiro, que é um desvio necessário. E nós entendemos que é importante garantir emprego, a renda das pessoas, que as empresas não quebrem. Mas, acho que o quanto mais nós conseguirmos comunicar que é um desvio, mas a gente vai voltar para os trilhos rapidamente, menor é o efeito maléfico dele”, diz.
Na entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, o presidente do Banco Central também discorre sobre a taxa de câmbio e sobre segurança do sistema financeiro no país. Ele tranquiliza a população e garante que é absolutamente seguro manter o dinheiro na poupança e na conta corrente e que ninguém precisa correr para fazer saques.
Orçamento
O Brasil tem o segundo maior orçamento da América Latina para o combate à crise causada pela pandemia do novo coronavírus. O investimento supera 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, atrás apenas do Peru, que empenhou 12% de sua renda anual.
O levantamento foi realizado por Alejandro Werner, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), com base nas medidas econômicas anunciadas pelos governos e bancos centrais dos países latinos.
O Chile aparece em terceiro lugar na lista, com aporte aproximado de 6,5% do PIB. Todos os demais países do continente estão abaixo dos 5%.
“Na política econômica, as ações variaram. Os países confiaram em transferências para famílias vulneráveis, flexibilização de acesso e expansão do seguro-desemprego, subsídios para manutenção do trabalho, incentivos e diferimentos temporários de impostos e créditos garantias”, diz o diretor do FMI em relatório. “Países com melhor qualidade de crédito, refletidos nos spreads de mercado, geralmente têm sido mais agressivos em sua resposta para a pandemia.”
Independentemente do tamanho da resposta à crise, os países têm problemas em comum para a efetividade das medidas em implementação. A principal delas, de acordo com o FMI, é a alta taxa de informalidade nos mercados latinos, mesmo em comparação com países emergentes.
Enquanto as taxas de informalidade entre trabalhadores do sexo masculino passam de 40% na América Latina e Caribe, 35% são informais em economias em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, a taxa é de apenas 10%. Para o sexo feminino, os indicadores são semelhantes, de 37%, 26% e 9%, respectivamente.
A informalidade é um entrave para garantir que políticas sociais de resgate cheguem às camadas mais vulneráveis. Outro desafio é planejar a duração das assistências de modo que não impactem permanentemente as políticas fiscais de cada economia.