Terça-feira, 30 de dezembro de 2025

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Colunistas A economia é o que conta

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Atual política de valorização do mínimo só vale até este ano. (Foto: Tânia Rego/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Não é da ideologia de Bolsonaro e dos seus ministros que depende o sucesso do novo governo, se ele será capaz de encaminhar reformas relevantes e redimir o Brasil de suas mazelas históricas, ou se fracassar de forma retumbante.

Em primeiro plano, nada do que se diz agora se desdobrará amanhã, da forma como o previsto. No governo, na vida real, as decisões são mediadas da intervenção poderosa da burocracia estatal, de costumes e práticas assentadas, de instituições legais e outras instâncias de decisão como o Congresso Nacional. Não, não há a menor chance de arrasar a terra, começar tudo de novo. Isso é papo de candidato que nunca se concretiza.

Da forma como as coisas estão no Brasil, os ministros, digam o que disserem, pensem o que pensarem, lhes faltará condições objetivas e força política para impor suas ideias de forma integral. Quando o novo ministro das Relações Exteriores, o ultraconservador Eduardo Araújo, começar a conviver com os seus colegas no campo de jogo real, às veras, ele terá de se curvar às normas gerais de funcionamento da diplomacia. No palco onde as coisas são para valer, a diplomacia é, por definição, avessa a conceitos imutáveis e opiniões definitivas.

Ele será devidamente enquadrado e terá de seguir a trilha longamente projetada das relações internacionais, como elas se apresentam. E se insistir nas suas teses, naquela visão de mundo paranoica do guru Olavo de Carvalho, o mais que alcançará é cair no ridículo.

O mesmo se pode dizer do novo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez. Li uma entrevista dele há duas semanas. Me lembrou muito o ex-ministro de Dilma Rousseff, Renato Janine Ribeiro, que no ministério só deixou, se tanto, nos meses que por lá andou, uma vaga lembrança.

O novo ministro da Educação, quando sentar na respectiva cadeira, se defrontará com os graves problemas da educação brasileira. Se continuar achando que todo o problema se resume ao uso da escola para o proselitismo político das esquerdas, acaba falando sozinho, desaparecendo na própria inconsequência.

Então Bolsonaro descobrirá que não se nomeia auxiliares por indicação de personagens exóticos como Carvalho, e nem só porque escreveram alguns artigos que combinam como o que, com alguma boa vontade, se pode chamar de ideário bolsonarista.

Ministro eficiente não se faz porque ele escreve artigos de alta (ou baixa) filosofia, ou porque ele abrace ideias polêmicas: tem a ver com a capacidade de fixar diretrizes razoáveis, animar os atores do processo, de manter o foco nas linhas gerais do programa – numa palavra, de fazer a máquina girar, tendo em vista resultados satisfatórios.

O governo Bolsonaro não se resolverá no campo das questões comportamentais, do debate cultural, da saia justa ideológica. Quando terminar, tudo estará mais ou menos no mesmo lugar. Produzirá umas tantas regressões, mas longe daquilo que prometeu. O essencial é reduzir o desemprego, alcançar o equilíbrio das contas públicas, realizar reformas como a da Previdência, tornar mais estimulante o ambiente geral dos negócios. Mais do que nunca, no Brasil, o que conta é a economia.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/a-economia-e-o-que-conta/ A economia é o que conta 2018-12-22
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