Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 1 de setembro de 2015
Durante muitos séculos, a Europa foi um continente devastado pelas guerras, pela fome e pela pobreza. Milhões de europeus foram obrigados a emigrar ao longo do tempo em razão das dificuldades sociais e econômicas. Eles atravessaram o Atlântico rumo às Américas do Norte e do Sul – e a lugares mais distantes, como a Austrália, para fugir da miséria e à procura de uma vida melhor para si e para seus filhos.
Todos eles, no jargão do atual debate sobre refugiados e migração, eram “migrantes econômicos”. No século 20, a perseguição racial, a opressão política e a destruição provocada por duas guerras mundiais tornaram-se as causas predominantes da fuga em massa. Hoje, a União Europeia é uma das regiões econômicas mais ricas do mundo. Há dezenas de anos, a maioria esmagadora dos europeus vive em países democráticos e pacíficos, que defendem seus direitos fundamentais. A miséria e a migração da Europa tornaram-se uma lembrança distante.
Ainda assim, no entanto, muitos europeus sentem-se mais uma vez ameaçados, não pela Rússia, que avança agressivamente contra seus vizinhos, mas pelos refugiados e pelos imigrantes – os mais pobres dos pobres. Enquanto nos últimos meses centenas de pessoas morriam afogadas no Mar Mediterrâneo, vozes começaram a se fazer ouvir em quase todos os países europeus, 26 anos depois da queda da Cortina de Ferro, que representava o isolamento, as deportações em massa e a construção de novos muros e divisões. Em toda a Europa, a xenofobia e o racismo escancarado crescem exponencialmente. Os nacionalistas e até mesmo os partidos de extrema-direita vêm ganhando terreno.
Esse é apenas o começo da crise, porque as condições que incitam as pessoas a fugir de suas pátrias ainda continuarão a se agravar. E a UE (União Europeia), cujos membros têm em sua maioria os sistemas previdenciários maiores e mais bem organizados do mundo, parece oprimida por essa situação em termos políticos, morais e administrativos.
Demografia europeia.
A persistente discriminação contra essas populações constitui um escândalo que pode ser observado em toda a Europa, e os membros do bloco europeu, juntamente com os candidatos ao ingresso no bloco, precisam procurar solucionar essa questão. Mas crise dos refugiados destes últimos meses destaca outra questão muito maior: o problema estrutural da demografia europeia.
Ocorre que, enquanto nas populações europeias o número de idosos aumenta, as populações em si encolhem. Assim, o continente precisa urgentemente da força de trabalho trazida pela imigração. Entretanto, muitos europeus se opõem energicamente à chegada dos imigrantes, porque ela implica uma mudança social.
Com o tempo, os responsáveis pelas decisões estratégicas terão de explicar aos seus povos que não devem esperar a prosperidade econômica e um bom sistema de previdência social, mas uma população na qual os aposentados representarão um pesado fardo para os cidadão economicamente ativos. A força de trabalho da Europa precisa crescer e essa é apenas uma das razões pelas quais os europeus devem parar de tratar os migrantes como uma ameaça e começar a vê-los como uma oportunidade. (AE)