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Brasil A ex-primeira-dama Ruth Cardoso doou em silêncio os seus salários ao Museu Nacional

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O Museu Nacional, no Rio de Janeiro, foi destruído por um incêndio no domingo passado. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Em reunião da Congregação do Museu Nacional em 2008, o antropólogo Gilberto Velho fez uma revelação de peso: que em certa época a antropóloga – e ex-primeira-dama – Ruth Cardoso doou em silêncio os salários recebidos para restaurar a própria sala onde os congregados se reuniam. O episódio foi lembrado pelo hoje diretor da Biblioteca Nacional de Brasília, Carlos Alberto Xavier, em uma carta obtida pela coluna de Sonia Racy, do jornal O Estado de S. Paulo.

Importância

Coordenador do Sistema Nacional de Museus do Uruguai, o especialista Javier Royer espera que o incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro, ocorrido no último domingo (2), sirva para fortalecer a importância do papel dessas instituições.

“Espero que a tragédia se transforme em algo permanente e que fortaleça os museus e sua dimensão social, o seu papel na sociedade, a sua pertinência social. O museu não é só para contar o passado; nos dá elementos para interpretar o que está acontecendo agora e para sabermos onde queremos ir”, afirmou o especialista em entrevista à Agência Brasil.

Javier classificou o incêndio no Museu do Rio como uma perda mundial irreparável. “Uma desgraça e um evento terrível para o campo museológico do Brasil, particularmente dadas as características que tinha o museu.”

Mercosul

Ele adiantou que, na próxima semana, haverá uma reunião do comitê técnico de museus do Mercosul em que participarão quase todos os países da América do Sul. Na ocasião, serão discutidas formas de as nações colaborarem com a reconstrução do museu brasileiro.

“Estamos abertos a colaborar com o que for possível. Na medida em que possam entrar [nos escombros] e avaliar qual é a situação, sobretudo em relação às coleções e o que conseguiram recuperar, é que se definirá como vão reconstruir o museu, como será esse novo projeto”, afirma.

Javier acredita que o Uruguai poderá ceder profissionais e técnicos para contribuir com os trabalhos, mas dificilmente terá condições de apoiar financeiramente o Brasil.

Investimentos

Royer destacou a necessidade de valorização do patrimônio museológico e de investimentos a longo prazo no setor.

“O sistema em que vivemos, com o consumismo e as novidades permanentes, gera certo desapego e a noção de que não é necessário conservar, onde é tudo descartável. Mas há muitas coisas que não são descartáveis. Tem a ver com o que se entende como valioso. E isso é algo que nós, dos museus, temos que trabalhar, pois o patrimônio é parte da memória do mundo”, destacou.

Javier reconhece que nem sempre é possível evitar danos ao patrimônio, mas detalha a experiência do Uruguai que investiu em políticas de prevenção de riscos de origem natural (inundações, queda de árvores, etc) e humana (roubos, vandalismo, depredações).

“Em 2010, quando eu assumi [a coordenação nacional do sistema de museus], não tínhamos nenhum museu com sistema de segurança. Hoje, todos os museus vinculados têm. Estou falando de sensores de fumaça, de incêndio, câmeras de vigilância e sensores contra furto. Foi feito um investimento e seguimos fazendo porque a tecnologia vai mudando e temos que atualizar esses sistemas eletrônicos”, destacou.

Conservação

O especialista destaca que a conservação é o maior desafio para o setor museológico. “Nunca tivemos, pelo menos nos museus vinculados ao sistema nacional de museus uruguaio, um edifício feito especialmente para ser um museu. Sempre tivemos que adaptar edifícios, muitas vezes históricos, como é o caso do Rio. E esses edifícios, classificados como monumentos históricos, têm restrições quanto a obras – não podemos fazer saídas de emergência com uma porta enorme, corta-fogo. Isso tudo gera dificuldades.”

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