Domingo, 18 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de janeiro de 2019
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Faz algum tempo escrevi uma coluna aqui em O Sul sobre maionese. Minha esposa teve que atirar dois potes de maionese Heinz no lixo. Havia algo no primeiro pote e dias depois, também no segundo. O gosto era rançoso. Examinando bem os potes, ela verificou que a que estávamos usando era fabricada na Holanda. Os dois potes da “nova safra” vieram da fábrica em Pindorama, no Estado de Goiás. Mas será que não se pode comer nem uma boa maionese? Corromperam a maionese?
Abandonando a maionese Heinz, partimos de novo para a Hellmans, que seria a “verdadeira”. Pois não dá e não deu. Gosto ruim. Alguém do ramo das maioneses poderia explicar o que está acontecendo? Estão usando algum azeite estragado? Os leitores sabem de alguma marca que tenha o gosto das maioneses de antigamente? Sou do tempo da Mãe-da-Eunésia-é-a-Chica.
Nessa toada, vem a propósito a infraestrutura das praias gaúchas. Capão, Xangri-la e quejandos. Uma praia emendada na outra. Milhares de carros. De som. Perturbando. E a comida? Bom, tentamos. Hotel, café da manhã feito em barril de carvalho e envelhecido, talvez confundindo café com vinho ou conhaque. Nem o leite salva a pobre infusão de Rubiaceae. E era o melhor hotel de Capão ou Araçá, que parece tudo a mesma coisa.
Há sempre o restaurante da moda, é claro. Em Atlântida. Perto da Saba. Bah. A carta de vinho tem quinze vinhos. Enfim, o que fazer? Tudo isso está em um contexto do dilema Tostines: os restaurantes e hotéis não servem melhor porque o público não exige ou o público não exige porque os hotéis não oferecem nada melhor? É como no restaurante em Santa Rosa. Peço um vinho. O garçom diz: não tem. Não adianta colocar à disposição. Não vende. De novo o velho dilema Tostines: não tem porque não vende ou não vende porque não tem?
Apontem-me meia dúzia de restaurantes bons, de primeira linha, aqui da Capital de todos os gaúchos, cujas façanhas devem servir de modeellooo à toda terra… A diferença com Curitiba é abissal. Só há duas boas churrascarias em Porto Alegre, e uma terceira mais ou menos. Falo em boas, no nível de competir com as melhores churrascarias de Curitiba e São Paulo. Ou Rio de Janeiro. Afinal, não é aqui que existe até uma Lei do Churrasco, aprovada pela Assembleia em 2003, à unanimidade?
O parágrafo único do artigo 1º diz: Para os efeitos desta Lei, entende-se por churrasco à gaúcha a carne temperada com sal grosso, levada a assar ao calor produzido por brasas de madeira carbonizada ou in natura, em espetos ou disposta em grelha, e sob controle manual.
Genial, não? Fico imaginando a cena. O sujeito está assando uma carne em espeto giratório e entra a vigilância do churrasco, aprende o produto e leva para perícia. O sujeito não tem sal grosso e tasca um sal fino e mais um temperinho. Pronto. Preso em flagrante por desobediência à lei do churrasco. Moral da história: As churrascarias do Estado são todas ilegais, porque não seguem o padrão estabelecido pela lei.
Consta que tramita projeto para estabelecer a Lei do Cheesburguer, que estipula o modo de fazer o ágape. Já tem emendas para incluir a possibilidade de poder chamar o prato de XBurguer e que possa também levar coração de franco. Uma emenda não passou na Comissão de Constituição e Justiça, porque, em um parágrafo, criava o X Salada-sorvete. Aí já era demais.
Enfim, o que a maionese dos bons tempos tem a ver com tudo isso? Tudo. X-Burguer sem maionese é inconstitucional. E, na praia, um bom X pode salvar o vivente de ter de comer um buffet contendo peito de frango e rúcula. Na próxima semana falarei da Lei das Pizzas. É ilegal pizza de tomate seco. Dá confisco e multa pesada.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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