Sexta-feira, 10 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de abril de 2020
Um teste clínico que consiste em administrar a pacientes com Covid-19 uma solução a base de sangue de um verme marinho com capacidade de transportar oxigênio foi autorizado na França, anunciaram neste sábado os autores do projeto.
Após o aval da Agência Nacional francesa de Medicamento e Produtos de Saúde (ANSM), há uma semana, a empresa Hemarina (com sede na Bretanha), que desenvolveu o produto, anunciou à AFP que obteve nesta madrugada a autorização do Comitê de Proteção de Pessoas (CPP) para realizar o teste, segundo seu diretor, Franck Zal.
A solução é produzida com a hemoglobina da Arenicola, que mede entre 10 e 15 centímetros. Sua hemoglobina – molécula presente nos glóbulos vermelhos e que tem como missão transportar o oxigênio pelo corpo – é capaz de levar 40 vezes mais oxigênio do que a hemoglobina humana. Ao contrário desta última, contida nos glóbulos vermelhos, a da Arenicola é extracelular.
Este “respirador molecular”, cujo projeto recebeu o nome de Mônaco, é uma “esperança para alivar as UTIs”, comentou Zal. O teste será feito em 10 pacientes, em um hospital de Paris. Atualmente, não há tratamento para a Covid-19, embora haja estudos em andamento.
Casos
A França contabilizou 7.650 mortos por COVID-19 desde o início da epidemia no país, anunciou no sábado (4) o diretor geral de Saúde, Jérôme Salomon, sendo 5.532 hospitalizados e 2.028 em lares de idosos e outros centros não-hospitalares.
A cifra representa um aumento de 441 óbitos em hospitais nas últimas 24 horas. Os primeiros balanços em estabelecimentos médico-sociais, entre os quais estão os lares de idosos, começaram a ser publicados na quinta-feira. Na sexta, pelo menos 1.416 óbitos tinham sido reportados neste tipo de estabelecimento.
“Nunca havíamos registrado tantos pacientes em UTIs quanto esta noite”, assinalou Salomon em entrevista coletiva, dando conta de 6.838 casos graves. “Mas há uma lenta desaceleração do aumento”, destacou.
Segundo o diretor, o país se aproxima do pico da epidemia. Ele pediu à população que redobre a vigilância e não “relaxe em seus esforços” durante o período de férias escolares, em andamento em parte da França. Frente ao risco de saturação dos hospitais, sobretudo na região do Grande Leste e na área de Paris, pacientes continuam sendo transferidos para regiões menos atingidas, por meio de operações militares e em trens especiais. Já foram realizadas mais de 550 transferências, segundo a Direção Geral de Saúde.