Sábado, 25 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2020
O novo livro das historiadoras Lilia M. Schwarcz e Heloisa Murgel Starling — uma das parcerias mais profícuas da historiografia nacional — mostra que a gripe espanhola, de 1918, e a Covid-19 tiveram semelhanças para além das milhares de mortes.
Em A bailarina da morte, que sai este mês pela Companhia das Letras, as autoras lembram que no Rio de Janeiro, então capital federal, as autoridades banalizaram a doença, tratando-a como uma “simples gripe”.
Também havia os contrários ao isolamento social e até um remédio usado em larga escala, embora sem comprovação científica: o sal de quinino, indicado na época para malária e arritmia cardíaca e que cairia em desuso duas décadas depois. O substituto? A cloroquina.
Cloroquina
O presidente Jair Bolsonaro fez uma transmissão nas redes sociais na tarde de sábado (10) e afirmou que a hidroxicloroquina poderia ter poupado a vida de muitos brasileiros que foram vítimas da covid-19. Sem apresentar nenhum estudo, ele disse que o país teria 30% de mortes a menos por conta da pandemia, caso o remédio tivesse sido receitado em larga escala.
“Esse estudo vai chegar um dia. Vou chutar: por volta de 30% das mortes poderiam ser evitadas pela hidroxicloroquina, usando na fase inicial”, declarou o presidente.
Bolsonaro fez a gravação ao lado de uma apoiadora, chamada Alessandra Gonçalves. Ela pediu um encontro com o presidente depois de saber que ele está hospedado no Guarujá (SP) para passar o fim de semana e o feriado de Nossa Senhora Aparecida, na próxima segunda-feira (12).
Durante a conversa, Bolsonaro disse à apoiadora que a Sociedade Europeia de Cardiologia constatou, há quase duas semanas, que a hidroxicloroquina não causa arritmia nos pacientes que a utilizam. “Eu sei que não sou médico, mas converso com muitos médicos. Ou você acha que eu inventei a hidroxicloroquina?”, questionou ele.
Em determinado momento da transmissão, a mulher disse que ainda não contraiu o novo coronavírus. Em resposta, Bolsonaro disse que, caso ela seja diagnosticada com a doença, não precisa se preocupar.
“Se pegar um dia, não fique preocupada. A gente evita, né? Estou com 65 anos. Não senti nada. Nem uma gripezinha. Zero. Zero. Nada”, comentou o presidente.
O Brasil ultrapassou, no sábado (10), a marca de 150 mil mortos por covid-19, sete meses depois de confirmar o primeiro caso da doença causada pelo novo coronavírus e dois meses após registrar 100 mil óbitos pela pandemia.