Domingo, 26 de outubro de 2025

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Notícias A maioria dos brasileiros que recorrem a bancos de sêmen nos Estados Unidos busca doadores brancos e de olhos azuis

Compartilhe esta notícia:

Entre 2011 e 2016, a importação de sêmen dos EUA para inseminações artificiais no Brasil cresceu 2.625%. (Foto: Reprodução)

A notícia de que a maioria dos brasileiros que recorrem a bancos de sêmen nos Estados Unidos busca doadores brancos e de olhos azuis, publicada por um jornal norte-americano no mês passado, chamou a atenção de especialistas e gerou muita discussão sobre racismo e eugenia. Em um país tão miscigenado como o nosso, afinal, por que se busca esse tipo de padrão lá fora? As informações são do jornal O Globo.

Entre 2011 e 2016, a importação de sêmen dos EUA para inseminações artificiais no Brasil cresceu 2.625%. Dados preliminares de 2017 já indicam que o crescimento segue. Mas o que mais chama a atenção nesses dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) é o perfil dos doadores escolhidos: 95% deles são brancos, 52% têm olhos azuis, 64% têm cabelos castanhos e 27% são louros.

Os números acenderam uma preocupação na médica paulista Hitomi Nakagawa. Inseminações de brasileiras com sêmen de americanos tendo essas características poderiam alterar a cara da nossa população? Presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), ela convocou uma reunião em Brasília com representantes da Anvisa para discutir o assunto.

“A conclusão foi que a entrada de amostras, mesmo que esteja crescendo muito, ainda é irrelevante para a massa da população brasileira”, diz Hitomi.

A preferência estética, porém, sugere algo mais: “Nossa cultura vê mais beleza em olhos claros. Pode haver aí um aspecto sociológico inconsciente.”

Ao longo de seis anos, houve 1.090 importações de sêmen dos EUA para o Brasil. Enquanto isso, anualmente, 30 mil inseminações foram feitas com o “produto nacional”, e 3 milhões de brasileiras engravidam pelo método natural. Mas a polêmica em torno das amostras, detonada por uma reportagem publicada em março no jornal norte-americano The Washington Post, não tem a ver com a quantidade. O que está em jogo aqui é, novamente, o perfil dessas importações.

O tribunal das redes sociais foi rápido na sentença, acusando médicos e possíveis mães e pais de eugenia e racismo. Especialistas em reprodução argumentam, porém, que o fenótipo procurado no exterior é apenas um reflexo do tipo de brasileiro que paga pelo serviço.

Nossas classes A e B, majoritariamente brancas por motivos que remontam a 500 anos, estariam simplesmente buscando o espelho. Já a opção pelos EUA viria de um conjunto de fatores. Aqui, os bancos de sêmen trabalham com doações, e as informações sobre os doadores são mínimas. Nos EUA, trata-se de uma relação de compra e venda, com amplo perfil sobre o fornecedor do produto, incluindo fotos (o que é proibido no Brasil), para escolhas mais precisas.

Nem tudo é tão simples. Surpreso com os tais 52% de olhos azuis nas escolhas dos brasileiros, o antropólogo Roberto DaMatta crê que há mais coisas por trás disso: “Prevalece o padrão estético ocidental, disseminado pela mídia americana e mesmo pela publicidade brasileira, uma baita contradição num país mestiço como o nosso. Apesar dos avanços, o louro de olhos azuis é e vai continuar sendo a referência.”

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) começou a monitorar esse tipo de importação em 2011. No mesmo ano, lançou um documento com procedimentos e regras sanitárias sobre o assunto. Em 2012, um dos maiores bancos de sêmen americanos, o Fairfax Cryoank, passa a ter um representante no Brasil. Hoje, é o que mais envia amostras de sêmen para cá – 73% do total nos últimos dois anos.

Além dos laços com clínicas brasileiras, contribui para a popularidade dos bancos americanos o tal detalhamento no histórico do doador. Ao contrário das escassas informações disponíveis sobre os brasileiros, no caso dos americanos é possível saber detalhes da ficha médica, ter um perfil psicológico, ver fotos da infância e até mesmo ouvir a voz do dono do sêmen. Pelas leis dos EUA, os nascidos de inseminação têm até o direito de conhecer o doador ao completarem 18 anos.

tags: Brasil

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Notícias

Mulher se vinga de homem que mandou pela internet foto de seu órgão íntimo
Em decisão histórica, atletismo da Rússia fica fora da Olimpíada do Rio
https://www.osul.com.br/a-importacao-de-semen-dos-estados-unidos-para-o-brasil-esta-causando-polemica/ A maioria dos brasileiros que recorrem a bancos de sêmen nos Estados Unidos busca doadores brancos e de olhos azuis 2018-04-09
Deixe seu comentário
Pode te interessar