Domingo, 28 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2021
Cerca de 162 milhões de brasileiros, aproximadamente 99% da população “vacinável” contra Covid-19 no país, devem receber o imunizante CorovaVac, para que seja atingida a chamada imunidade coletiva, isso é: quando uma parte suficiente da população está imunizada e consegue impedir a transmissão do vírus de maneira volumosa, barrando a pandemia. A análise foi realizada pelo Instituto Questão de Ciência.
A população vacinável exclui, por exemplo, gestantes, crianças e grupos nos quais a vacina não foi testada. O número de pessoas que precisam receber as doses é calculado a partir de indicadores como a eficácia do imunizante — a da CoronaVac é 50,38% — e a taxa de transmissão que o vírus se espalha. “Esse número da eficácia serve exatamente para que seja possível saber quantas pessoas precisam ser imunizadas, quanto maior a taxa, menos vacinas precisam ser aplicadas”, diz Luiz Gustavo de Almeida, coordenador dos projetos educacionais do Instituto Questão de Ciência.
O pesquisador, no entanto, afasta a ideia de que a taxa de eficácia do imunizante (menor do que outras vacinas contra Covid-19 que já divulgaram o número) seja uma má notícia. “A vacina da gripe tem eficácia que varia entre 40% e 60%, e ninguém questiona esse valor. Mesmo assim, ela presta um grande serviço às pessoas”, garante. “É preferível vacinar 160 milhões de pessoas com uma vacina de eficácia menor do que 200.000 com um imunizante de 90% de eficacia. A CoronaVac é uma vacina adequada à nossa realidade”, explica.
Mandetta
O diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) Alex Campos fez um elogio ao ex-ministro Luiz Henrique Mandetta durante o voto que marcou a aprovação para uso emergencial das vacinas produzidas pelo Instituto Butantan (SP, em parceria com a chinesa Sinovac) e pela Fiocruz (RJ, em parceria com a Universidade de Oxford) contra a covid-19.
Segundo Campos, o ex-ministro da Saúde —demitido durante a pandemia após divergências com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido)— é uma “referência humana e profissional”. Campos foi nomeado membro do colegiado da Anvisa após indicação de Mandetta, de quem era chefe de gabinete logo no começo da pandemia do coronavírus, no ano passado.
“Ilustro isso [o elogio ao ex-ministro] apenas para dizer que eu estava no olho do furacão quando essa pandemia assolou todos os países do mundo”, disse ele em referência ao período entre fevereiro e março de 2020.
O ex-ministro da Saúde acabou se tornando uma adversário político de Bolsonaro depois que deixou o cargo. A demissão ocorreu porque Mandetta era favorável às medidas restritivas, como o isolamento social, enquanto o presidente defende que as atividades não sejam paralisadas em razão da pandemia, sob risco de prejuízo à economia.