Quinta-feira, 02 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2020
O indiano Sundar Pichai, 47 anos, disse não ter dúvidas de que a IA (inteligência artificial) precisa ser regulada. “É muito importante para não ser. A única questão é como abordar isso”, afirmou. E a sua opinião é algo a se ouvir com atenção, por um motivo relevante: trata-se de ninguém menos que o presidente do Google.
A reflexão do executivo, que recentemente também assumiu o comando da Alphabet, companhia-mãe da empresa, foi divulgada em um artigo opinativo publicado nessa segunda-feira pelo jornal britânico “Financial Times”.
“Para o Google é essencial participar desse debate, já que a empresa tem algoritmos e inteligência artificial como a base do funcionamento da maioria de seus produtos, da busca e venda de anúncios até a criação de supercomputadores com alta capacidade de processamento”, frisou.
Pichai mencionou alguns exemplos de boas aplicações da inteligência artificial do Google. Dentre eles está uma pesquisa publicada na revista “Nature” e que aponta como modelos de IA ajudam a localizar câncer de mama com maior exatidão, ou então ajudam a prever chuvas de maneira mais rápida e eficaz do que os modelos atuais.
Mas o executivo também apontou para o outro lado da moeda: como tecnologias solucionaram alguns problemas ao mesmo tempo que causaram outros. Ele citou a internet, que permitiu que pessoas pudessem se conectar e conseguir informação em qualquer lugar do planeta, ao mesmo tempo em que ajudou a espalhar desinformação mais facilmente.
“Existem preocupações reais sobre as consequências negativas da IA, de deepfakes aos nefastos usos do reconhecimento facial”, escreveu o indiano. “Embora já existam alguns trabalhos para atender essas preocupações, inevitavelmente haverá mais desafios que nenhuma empresa ou indústria pode solucionar sozinha.”
Ele afirmou, ainda, que o Google pretende “ser um parceiro para os reguladores conforme eles tenham que lidar com as tensões inevitáveis” da regulação da tecnologia. “Nós oferecemos nosso conhecimento, experiência e ferramentas conforme navegamos essas questões juntos.”
Princípios
O executivo elencou um conjunto de princípios que o Google publicou em 2018 como base para lidar com inteligência artificial. Reiterou que os governos desempenham um papel fundamental nas regulações e que existem leis que podem servir de base, como o GDPR, conjunto de leis europeias que estabelece diretrizes para uso de dados pessoais:
“A regulação pode prover um guia amplo enquanto permite implementação apropriada em diferentes setores. Para alguns usos de IA, como dispositivos médicos […], o que existe agora é um ponto de partida. Para novas áreas como carros autônomos, governos terão que estabelecer novas regras apropriadas que considerem todos os custos e benefícios relevantes”.