Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 28 de dezembro de 2018
A Justiça determinou na quinta-feira (27) o bloqueio de R$ 50 milhões das contas de João de Deus. O médium está preso por suspeita de abusar sexualmente de mulheres durante atendimentos espirituais em Abadiânia (GO). Ele nega as acusações.
O dinheiro será usado para reparação das vítimas, caso ele seja condenado pelos crimes. O advogado de defesa Alberto Toron disse que não recebeu qualquer informação sobre essa decisão.
Também na quinta-feira, a Justiça concedeu a prisão domiciliar para o médium João de Deus pelo crime de posse ilegal de arma de fogo, mas ele continuará na cadeia por violação sexual. A defesa entrou com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para esse crime.
Na decisão, o juiz Wilson Safatle Faiad condiciona a prisão domiciliar a algumas situações: fiança no valor de R$ 1 milhão, uso de tornozeleira eletrônica, entregar o passaporte e não estar preso por nenhum outro crime.
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos.
A defesa do médium pediu a soltura dele pelos crimes sexuais ao TJ-GO (Tribunal de Justiça do Estado de Goiás) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) – ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura de João de Deus.
Investigações
Na quinta-feira, uma mulher prestou depoimento ao Ministério Público informando ter sido vítima do médium. Ao todo, a instituição já ouviu 79 mulheres e recebeu mais de 600 notificações de abusos sexuais. Os promotores preparam uma denúncia contra João de Deus por estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude.
“O MP está trabalhando nesse momento na produção da primeira denúncia que será oferecida. Essa denúncia, além de envolver o fato dessa vítima concluída pela Polícia Civil, abarcará também outras três vítimas que estão incluídas no procedimento de investigação criminal conduzido pelo MP”, explicou a promotora Gabriella Clementino.
O documento deve ser entregue à Justiça no máximo até domingo (30), prazo legal estabelecido já que o médium está preso preventivamente.
A Polícia Civil pretende ouvir novamente João de Deus após analisar os materiais apreendidos na casa do médium e também no centro onde ele fazia atendimentos espirituais. Nos locais, foram encontradas documentos, armas, pedras preciosas e mais de R$ 1 milhão em dinheiro, inclusive estrangeiro. Ele sempre negou as acusações feitas por diversas mulheres.
Segundo o delegado Valdemir Pereira, titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais, unidade que coordena as apurações sobre esse caso, a corporação ainda faz perícia em todo o material, inclusive plantas dos imóveis, e deve questionar o médium sobre esses itens.
O delegado explicou ainda que são investigadas também outras questões, mas disse que não podia dar detalhes para não atrapalhar as investigações. Até o momento, a polícia já ouviu 16 mulheres que relataram terem sido abusadas pelo médium durante atendimentos espirituais. João de Deus foi indiciado por um dos casos.