Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2018
Uma onda de pesquisas médicas tem gerado novos indícios de que a maconha pode ajudar cães e gatos a tratar artrite, epilepsia, ansiedade e outras doenças sem os efeitos colaterais de remédios tradicionais. Veterinários dos Estados Unidos, entretanto, temem violar leis federais ao receitá-la.
Um indício desse impasse é que pelo menos 30 Estados norte-americanos já legalizaram a maconha medicinal, mas nenhum deles emitiu cláusulas sobre o que fazer em casos de animais doentes.
Como resultado, veterinários relutam até mesmo em falar sobre a maconha, que continua sendo ilegal de acordo com a lei federal norte-americana, por medo de colocar suas licenças profissionais em risco, disse Jeffrey Powers, presidente do subcomitê de canabinoides da Associação Americana de Medicina Veterinária.
Isso faz com que os próprios donos dos animais precisem tomar importantes cuidados. Isso inclui a dosagem e duração do tratamento.
Proteção jurídica
Uma mudança pode ocorrer em breve no Estado da Califórnia, que parece prestes a aprovar a primeira lei do país que daria a proteção jurídica que os veterinários precisam para tirar dúvidas sobre o uso de maconha para tratar animais de estimação.
“Um ser humano pode receber conselhos de seu médico, mas um cachorro não pode, legalmente. É bizarro”, criticou Judy Boyle, 62 anos, cujo cão Mac vem tomando remédios tradicionais há anos para tratar artrite e ansiedade. O efeito cumulativo dos medicamentos estava causando insuficiência renal em Mac.
Em março, após pesquisa na internet, Judy decidiu substituir os remédios por petiscos de canabinoide para tratar o seu boiadeiro australiano de 18 quilos. Passados cinco meses, ele está muito mais calmo e disposto, e sua função renal voltou ao normal pela primeira vez em anos, disse Judy.
O canabidiol – um extrato de cannabis também conhecido como CBD – é o principal ingrediente de óleos de maconha, petiscos e outros itens para animais de estimação que agora estão mais populares do que nunca. O produto está associado ao alívio da dor, diferente do THC, ingrediente da maconha que, em altas concentrações, pode causar sensações eufóricas.
Cautela
Como o governo federal norte-americano continua rotulando a cannabis como uma substância controlada e o secretário de Justiça, Jeff Sessions, prometeu ser mais rígido em relação à maconha, muitos veterinários foram alertados por seus conselhos estaduais a não mencionarem a substância como opção de tratamento.
Atualmente “os veterinários cometem uma violação da lei da Califórnia se incorporam a cannabis em seus consultórios”, disse o Conselho de Medicina Veterinária californiano em comunicado. O mesmo vale para a maioria dos Estados norte-americanos.