Celebridades A loira irresistível é um homem famoso
Por Redação O Sul | 22 de junho de 2016
Ser um homem feminino não fere o seu lado masculino. Símbolo sexual de dez entre dez mulheres no Brasil, Cauã Reymond impressionou o público ao interpretar um travesti no clipe “Your armies”, da cantora Barbara Ohana, lançado no último fim de semana.
Em 24 horas, o vídeo alcançou mais de 500 mil visualizações no YouTube e levantou uma discussão: por que Cauã e não uma atriz transexual?
“Tratamos do tema de uma maneira delicada e escolhemos o Cauã por ser um ator que se despiu totalmente. Mas meu próximo clipe, já em finalização, será protagonizado por atrizes transexuais”, minimiza a cantora, que é sobrinha da atriz Claudia Ohana.
Veja o vídeo:
Para a transformista Jane Di Castro, a escolha do galã foi certeira. “É difícil achar um transexual na idade que eles querem para fazer esse papel, que é difícil. Cauã tem experiência e fez muito bem. A maioria dos travestis que vejo por aí está realmente mais interessada na fama do que na interpretação em si.”
Para o clipe, o ator passou por mais de duas horas de caracterização, usou peruca loura, lingerie e salto. O mais impressionante, na opinião de quem entende do assunto, estava, no entanto, num aspecto mais sutil, como chama atenção Rogéria. “O que me deixa extasiada é como ele conseguiu ter o olhar sensível de uma mulher sem fazer caricatura. O travesti dele me impressionou pela beleza, pela seriedade. Estava glamuroso. Ele virou uma mulher do cinema italiano. Como um cara tão macho, tão homem, consegue, como ator, ter aquela coisa de uma mulher vamp?”
O clipe mostra a história da travesti Clara, espancada por um homem (Julio Machado) com quem flertou num show, e sua vingança. “A música fala dessa falta de coragem para viver uma paixão. E isso às vezes pode ser transformado em violência”, explica Ohana.
O projeto é dirigido por Allexia Galvão e Daniel Rezende, indicados ao Oscar pela montagem de “Cidade de Deus”. Cauã financiou parte da obra. Nas redes sociais, o ator pediu: “Mais amor e tolerância”.
A situação reproduzida no vídeo provocou reflexões em quem lida sempre com o ato de se travestir. Com 50 anos de carreira, Rogéria admite já ter vivido situação parecida com a da personagem Clara. “Uma vez, eu estava produzida e um homem gostou de mim. Eu disse não estou a fim de você, e ele falou que eu não poderia recusá-lo. Para ele, se nenhuma mulher tinha dito não, eu não poderia dizer. O homem não suporta ser recusado por uma mulher, imagina por um homem vestido de mulher. Mas a gente tem o direito de fazer o que quer. A mesma coisa vale para as mulheres: elas podem escolher com que roupa vão sair e como vão se comportar.”
Nas redes sociais, o público, surpreendido, teve opiniões divididas — houve até quem o comparasse com Grazi Massafera, sua ex-mulher. Para Ohana, o desafio foi cumprido. “A ideia não foi quebrar paradigmas, mas provocar evolução.”
Ao menos em torno de Cauã, o alvoroço deve crescer. “A gente já queria ele vestido de homem. Agora também quer ele vestido de mulher e nu. Mas eu também posso sair correndo se ele ficar do meu lado porque ele vai me ofuscar, né?”, diz Jane. (AG)
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