Quinta-feira, 23 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de maio de 2018
Com a recusa de voltar ao trabalho manifestada por parte dos caminhoneiros, a situação da agropecuária brasileira se agrava. Na segunda-feira a Mantiqueira, maior produtora de ovos do Brasil, detentora de 12% do mercado nacional, informou que teve que sacrificar 100 mil galinhas por falta de comida.
De acordo com Leandro Pinto, dono do Grupo Mantiqueira, se a situação continuar assim até o fim da semana, serão mortas mais 500 mil das 11 milhões de galinhas que compõe o seu plantel. “Optamos por começar com as mais velhas”, pontuou. Que passou o dia em Brasília tentando reverter a situação na CNA e no Ministério da Agricultura.
A Confederação Nacional da Agricultura, aliás, enviou oficio ontem para os ministros Raul Jungmann e Joaquim Silva e Luna, pedindo escolta para produtos perecíveis, carga viva e insumos de animais em todo País.
Calcula que 64 milhões de aves adultas e pintinhos já foram mortos.
Prejuízo
De acordo com levantamento divulgado nesta terça-feira (29) pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, leite, suínos e aves indicam ser os mais fragilizados com as paralisações nas rodovias, mas não são os únicos atingidos pelos protestos. Esses três setores já passavam, inclusive, por dificuldades antes do início das paralisações, no último dia 21.
Para as aves, a produtividade deve ser reduzida devido ao racionamento praticado por muitos produtores, assim como o setor de suínos. Ambos também enfrentam problemas nos frigoríficos, que reduziram ou suspenderam totalmente os abates.
A recuperação no campo pode demorar até seis meses.
O leite está com atividades limitadas ou suspensas em São Paulo. Segundo o Cepea, nas propriedades rurais a dieta dos animais está restrita ou ausente, devido à escassez de insumos, o que pode comprometer o pico de lactação e gerar queda na produtividade.
Ainda de acordo com o estudo, a expectativa é que as vacas só retomem o funcionamento fisiológico normal em um ano.
Produtores de hortifrútis também tiveram prejuízos com as cargas que se perderam nas rodovias durante a paralisação, mas há risco também no campo –caso das hortaliças que, se não forem colhidas nos próximos dias, poderão se perder.
Já o setor de grãos viu as negociações inviabilizadas durante os protestos dos caminhoneiros nas rodovias. Com medo de não conseguir entregar as cargas, produtores não têm ofertado lotes, segundo o Cepea.
A colheita de café também tem sido prejudicada com as paralisações, pois falta combustível para o maquinário e funcionários não têm ido trabalhar. O setor sucroenergético e as vendas de mandioca e ovos também sofreram abalos.
Até esta terça-feira, todas as 150 usinas produtoras de açúcar e etanol em São Paulo terão as atividades paralisadas. O prejuízo pode chegar a R$ 180 milhões ao dia.
É o que afirma a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), entidade que concentra os principais grupos sucroenergéticos do centro-sul do País. O Estado é o maior produtor de cana do País e responde por 60% do etanol e açúcar fabricados.
Com isso, ao menos 2 milhões de toneladas de cana deixarão de ser processadas no estado diariamente, responsáveis pela produção de 150 mil toneladas de açúcar e 100 milhões de litro de etanol.