Acontece “A meta de inflação é de 3,75%, mas a gente está caminhando para uma inflação na casa de 7%”, disse Mansueto Almeida ao BRDE Cenários
Por Redação O Sul | 14 de julho de 2021
O economista Mansueto Almeida foi o primeiro convidado do ciclo de palestras e debates “BRDE Cenários”, promovido pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). A primeira edição do projeto aconteceu na tarde desta quarta-feira (14) com transmissão ao vivo pelo canal do YouTube do BRDE. A ação do banco tem como objetivo abordar temas sobre a conjunta econômica e fiscal do país, tendências de mercado e o papel das instituições e fomento.
Almeida é ex-secretário do Tesouro Nacional e atual economista-chefe do BTG Pactual. Em sua palestra, na tarde de hoje (14), ele abordou os desafios da agenda de reformas e os eventuais impactos no desenvolvimento da economia brasileira. Segundo o economista, há mais ou menos cinco meses no Brasil, os analistas esperavam que a dívida bruta estivesse por volta dos 90% do PIB, e fosse terminar, neste ano, na casa dos 88% do PIB, como no ano passado, no qual o país terminou o ano com a dívida em 89%. “Agora com toda essa revisão de crescimento, a expectativa é que a dívida pública do Brasil, no final deste ano, esteja em mais ou menos 82% do PIB”, destacou.
Conforme Almeida, o Brasil está indo para este ano de 2021, com uma situação positiva de balanço de pagamento, o qual não tinha desde 2007. “A última vez que o Brasil teve superávit em conta corrente foi em 2007, e a gente volta a ter este ano. A gente está com um crescimento muito forte, por exemplo, do saldo da balança comercial, o que vai ajudar bastante as contas externas e, simultaneamente, o investimento direto externo está voltando. A gente espera que, este ano, o investimento externo fique na área de US$ 50 bilhões. Um cenário muito melhor do que nós tínhamos no mercado há três meses”, explicou.
Outro assunto abordado na palestra foi a pandemia da Covid-19. Após um período difícil de mortes elevadas e casos de Covid, os número de infectados nos últimos 30 dias melhoraram bastante, segundo o economista. “Temos uma queda muito forte na média diária de mortes que voltou, mais ou menos, ao mesmo patamar do início de março. E finalmente, a vacinação no Brasil está avançando, a gente tem vacinado, em média, mais de um milhão de pessoas por dia”, afirmou.
De acordo com Almeida, no mês de agosto, 70% da população adulta do Brasil vai estar imunizada com a primeira dose da vacina. Já em outubro, pelo menos 58% da população adulta estará vacinada completamente. Ele acredita que a partir de outubro o movimento de livre circulação aumente, e isso faça com que ative com mais força o setor de serviços.
Em relação a inflação ele disse: “a meta de inflação é de 3,75%, mas a gente está caminhando para uma inflação que vai ser na casa de 6,5% a 7%. A gente teve uma pressão muito forte de preços de vários produtos exportados, a gente tem no mundo todo a desorganização de algumas cadeias de produção. Esse cenário de reabertura no primeiro momento é inflacionário”, comentou.
Na sequência, Mansueto Almeida ressaltou que o país ainda vai ter mais dois ou três anos em déficit primário, a qual está desde 2014. “E a gente precisa equilibrar essas contas para ter mais folga, por exemplo, para aumentar o investimento público, para ter mais folga para garantir a sociedade que não a risco de aumento de carga tributário no futuro. E que a dívida vá entrar em uma trajetória de queda. Apesar da queda no PIB, no ano passado de 4%, a queda no investimento foi muito pequena, inferior a 1%. Em 2015, 2016 e 2017, nos três anos seguidos, o investimento do Brasil caiu. Agora não, apesar do ano passado, a gente ter tido a queda do PIB de 4%, o investimento caiu menos de 1%”, finalizou.
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