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Brasil A ministra da Mulher disse que quer rever o seu estuprador

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(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

Após dormir apenas três horas e almoçar marmita com batata frita trazida de casa, Damares Alves defendeu em entrevista que é hora de voltar ao trabalho. Dando expediente em seu gabinete, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos segue a linha do presidente Jair Bolsonaro e diz que o isolamento como medida para conter a pandemia do novo coronavírus deve ser feito apenas pelas pessoas mais vulneráveis, enquadradas no chamado grupo de risco.

Ela diz ainda que o presidente começou suas ações contra o contágio enquanto “governadores estavam fazendo o Carnaval”, e não vê irresponsabilidade ao ouvi-lo comparar a doença a uma gripezinha. “Temos que entender que ele é um ser humano, tem muita pressão sobre ele. Ele entende que houve alguns exageros. É tudo muito novo.”

Enquanto a pandemia se espalha pelo País, a ministra trabalha focada em conter o aumento de casos de violência contra a mulher, agravado agora pelo isolamento social, que impõe à vítima mais tempo de contato com seu algoz. Damares acredita numa explosão no número de denúncias, sobretudo depois de sua pasta lançar um aplicativo para denúncia online. “Estamos aguardando um boom, infelizmente.”

Apesar disso, acredita que os homens enquadrados na Lei Maria da Penha podem ser recuperados, o que levou o governo a transformar em lei projeto de 2016 que torna obrigatória a presença do agressor em programas de reeducação e em acompanhamento psicossocial.

Estuprada por dois pastores quando criança, Damares diz que está se preparando para encontrar um dos agressores. Quer que ele explique seu “modus operandi” no crime. Pondera que não recomenda a nenhuma vítima fazer o mesmo, e alerta: “Tu achas que um homem desse não vai para o inferno? Vai para o inferno, sim”.

A seguir, trechos da entrevista com a ministra:

1) Ministra, por causa do isolamento social provocado pelo coronavírus, países têm observado aumento nos casos de violência contra a mulher. Recentemente, o ministério lançou o aplicativo Direitos Humanos BR, para registro de denúncias, e o site disponibiliza atendimento a vítimas. Houve aumento dos casos também no Brasil?

O nosso [Ligue] 180 indica que cresceu só 9%, mas porque a vítima precisa falar e [é mais difícil quando] o agressor está sob o mesmo teto. Observando o que aconteceu no Rio de Janeiro, que a partir do momento que passou a permitir que as vítimas façam um boletim de ocorrência virtual viu seu número de denúncias subir 50%, percebemos que tínhamos que dar a ela um instrumento para que, em silêncio, ela pudesse fazer a ocorrência.

Estamos aguardando um boom [de registros], infelizmente, porque o estado de São Paulo também já começou a permitir o boletim de ocorrência online e mais quatro Estados estão estudando essa possibilidade.

2) Muitas vítimas alegam que não denunciam porque acham que não adianta. O que o governo pode fazer para que elas confiem na Justiça?

A mulher precisa acreditar que hoje a rede de proteção tem dado algumas respostas, e não só o poder público. Encontramos na sociedade um movimento de apoio de inúmeras instituições. A mulher que quer denunciar terá uma resposta. E se, ao procurar um serviço de proteção, ela verificar que não tem para onde ir, a responsabilidade de proteção é do Estado.

3) Além de incentivar mais denúncias, o ministério tem publicado cartilhas sobre a Covid-19. Uma delas, voltada para o público LGBT, sugeria que profissionais do sexo se adaptassem para oferecer serviços pela internet. Esse trecho foi retirado. Por quê?

Aquela cartilha estava em construção e não tinha sido aprovada, exatamente porque causaria todo esse problema. Tiramos essa parte, mas é uma cartilha muito boa. Estamos trabalhando muito com o público LGBT, especialmente na qualificação profissional de travestis. Aquela parte dos profissionais do sexo era só uma conversa entre os técnicos. Quando saiu a matéria, fiquei muito preocupada com o preconceito relacionado aos profissionais do sexo. Neste momento, temos que mandar um recado para eles: se cuidem.

4) A senhora não está em isolamento social. Como tomou essa decisão?

Fiquei em isolamento nos primeiros dias, acho foram nove, quando estava com uma suspeita de gripe. Tenho uma filha indígena e eles estão sempre no grupo vulnerável, apesar de ela estar comigo há muito tempo. Fiz o exame e deu negativo. Faço parte do comitê de crise [do governo contra a pandemia] e nosso ministério está coordenando duas atividades. Não posso, nesse momento, ficar em casa. Estou com dois funcionários na sala e em todo ministério não são mais de seis. São servidores que não têm crianças ou idosos em casa.

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https://www.osul.com.br/a-ministra-da-mulher-disse-que-quer-rever-o-seu-estuprador/ A ministra da Mulher disse que quer rever o seu estuprador 2020-04-10
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