Sexta-feira, 20 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 15 de abril de 2020
Tecnologia já utilizada em São Paulo, a geolocalização com base na movimentação de telefones celulares é um dos recursos que o governo do Rio Grande do Sul pretende utilizar para monitorar a ocorrência de aglomerações de pessoas, um dos principais fatores de risco para a propagação do coronavírus. A ideia foi apresentada nesta semana pelo chefe do Executivo, Eduardo Leite.
“Amparada pela Lei Geral de Proteção de Dados, a geolocalização é um acréscimo eficaz no que diz respeito à elaboração de políticas públicas”, argumentou. “No caso do combate à Covid-19, é uma ferramenta de gestão que contribuirá para a proteção à saúde e à vida. Em nenhum momento, há monitoramento de informações a respeito dos usuários de celular.”
“A geolocalização identifica o perímetro onde o celular permanece à noite e compara, durante o dia, com a movimentação do aparelho, se permanece naquele perímetro ou muda de lugar”, garantiu. “Isso dá uma noção mais clara sobre a adesão ao isolamento social. “Não há registro de nada pessoal, nada específico de usuários.”
O secretário de Governança e Gestão Estratégica, Claudio Gastal, chamou a atenção para o fato de que o celular está junto das pessoas na maioria do tempo e que, por isso, os dados emitidos se tornam confiáveis para visualizar se há aglomerações e onde ocorrem: “Juntamente com outras informações que temos no Gabinete de Crise, possibilita para o governo a implantação de políticas públicas mais eficazes no combate ao coronavírus, assim como ações de conscientização”.
Privacidade
De acordo com Eduardo Leite, o governo do Estado não prevê punição aos usuários que não estiveram isolados. “Sequer teria como fazer isso, uma vez que não há qualquer informação individual, como nome do dono do celular ou CPF”, salientou. “Queremos somente entender onde e por qual motivo há aglomerações.”
Depois da implementação das políticas de restrições de atividades, observou-se uma adesão de 50% ao distanciamento social por parte dos dos gaúchos monitorados. O pico (70%) foi registrado no primeiro fim de semana da recomendação, entre os dias 20 e 22 de março.
No feriado de Páscoa, o índice foi mais alto na sexta e no domingo e mais baixo no sábado. Na segunda-feira após o feriado o índice caiu – somente 46,9% respeitaram o distanciamento social. Esses dados foram obtidos pelo monitoramento da In Loco, empresa do setor de segurança da informação e antifraude, líder nacional em tecnologias de geolocalização.
O Executivo também busca parcerias com operadoras de telefonia, a fim de obter mais dados nesse sentido. O processo está em tratativas e ainda não foi finalizado, portanto, os dados acima não foram obtidos por meio das operadoras.
Isolamento
A In Loco colocou a tecnologia de localização à disposição de órgãos públicos e autoridades no combate à disseminação do coronavírus. A partir de uma base de dados com mais de 60 milhões de dispositivos móveis em todo o Brasil, a empresa criou o Índice de Isolamento Social, inédito e que permite mapear a movimentação de pessoas dentro de regiões específicas.
Com uma tecnologia 30 vezes mais precisa do que o GPS, a unidade de software da In Loco é integrada em aplicativos de parceiros para fins de segurança, autenticação e contagem de visitas a estabelecimentos. Para compor o Índice de Isolamento Social, as informações são criptografadas e agregadas por bairro, tornando-se dados estatísticos que preservam a privacidade das pessoas.
Feito isso, as informações passam a indicar a movimentação desse grupo de pessoas dentro dos bairros. Um baixo percentual de isolamento representa um grande número de pessoas entrando ou saindo de determinado bairro ou região.
Qualquer pessoa pode ter acesso aos dados. A In Loco disponibilizou no site inloco.com.br o Mapa Brasileiro da Covid-19. A população pode acompanhar o índice nacional e a divisão por Estado, com o histórico da semana. O conteúdo é atualizado diariamente, sempre no período da manhã, com as informações do dia anterior.
(Marcello Campos)