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Por Redação O Sul | 20 de julho de 2019
Vende-se belíssimo terreno. Não tem estrada nem porteira nem oxigênio. O terreno fica na Lua. Tem também um em Marte. Mais cedo ou mais tarde a gente vai conseguir chegar lá. É o que promete a Nasa (Agência Espacial norte-americana). Em uma fábrica no Estado da Louisiana, a Nasa está desenvolvendo um novo foguete para levar o homem à Lua, mas desta vez para ficar.
O foguete mais potente da história vai levar gente e material para construir uma base lunar. Ou pelo menos uma parte do material. Custa US$ 2 milhões por quilo para mandar qualquer material para a Lua. Ou seja, para mandar uma típica casa americana custaria US$ 6 bilhões. A ideia então é chegar até a Lua ou Marte e se virar com o que tem lá.
David já tinha projetado três dos dez maiores prédios do mundo. “Ficou aquele sentimento: o que mais eu posso fazer?”.
Aí, em 2010, resolveu participar de um concurso da Nasa que iria premiar os projetos da melhor casa em Marte. O principal requisito era que tudo tinha que ser feito por robôs. “Marte está coberto de basalto, que é uma pedra”.
David venceu o concurso e a empresa dele recebeu US$ 500 mil para tocar o projeto. A ideia é que as máquinas triturem a pedra e aí entra em cena uma impressora 3D gigante, que monta casas como um ninho de joão-de-barro.
No laboratório, eles têm uma réplica do robô que mandariam para Marte. Acontece que o robô é muito bom em fazer essas atividades repetitivas, só que ele não sabe lidar muito bem com problemas que podem aparecer no caminho, então, eles estão tentando torná-lo mais inteligente para que, caso algo saia um pouquinho diferente do combinado em Marte, ele saiba se virar.
“Para grudar o basalto precisamos de uma espécie de cola, por isso a ideia é misturar o basalto com um biopolímero – ou seja, restos de plantas – especificamente milho e cana de açúcar”.
Mas não tem milho nem cana de açúcar no espaço. “Nós não vamos ter como mandar humanos para Marte sem muita comida”. Ou seja, antes da casa precisa ter comida. Os testes para isso já estão sendo feitos no espaço.
Na Terra, as plantas crescem, caule para cima e raízes para baixo por causa da força da gravidade. Sem ela, fica tudo desorganizado, como explica o astrofísico Michael Shara, do Museu de História Natural de Nova York:
“A gravidade é importante para carregar os nutrientes dentro das plantas. Algumas plantas podem simplesmente não conseguir fazer isso sem gravidade”.
Cientistas estudam como as células das plantas funcionam para poder modificá-las geneticamente e mandá-las para o espaço. Dentro da Estação Espacial Internacional há duas unidades chamadas veggies, vegetais, em inglês
Em testes, os cientistas já conseguiram produzir até trigo-anão nessas unidades. Nós também já sabemos que existe água congelada tanto na Lua como em Marte.
“Você pode usar painéis solares ou um reator nuclear para quebrar as moléculas de água em oxigênio e hidrogênio, que poderia ser usado para fazer combustível”, disse o astrofísico Michael Shara.
E o oxigênio, a gente precisa muito dele e, aí, nem o céu é o limite para a imaginação. O bilionário Elon Musk já planeja como será a expansão da primeira cidade marciana. O bilionário Jeff Bezos está investindo na ideia de que haverá uma estufa na Lua em que imitaremos a vida na Terra.
Vai ser mais difícil do que simplesmente abrir uma estrada ou cercar o terreno, mas, num momento em que a gente parece não conseguir mais conviver com o que tem, você estará à beira de uma cratera, com vista para o que sobrar do mundo.