Sábado, 11 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de dezembro de 2019
A Needham and Co se tornou nesta terça-feira (10) a quarta corretora de Wall Street em dois meses a rebaixar recomendação sobre as ações da Netflix, argumentando que a concorrência de novos serviços de streaming pode levar a empresa a perder 4 milhões de assinantes nos Estados Unidos no próximo ano.
A analista da Needham, Laura Martin, que rebaixou a recomendação da Netflix para “underperform”, acredita que a empresa terá que adicionar um serviço com preço mais baixo para competir com os concorrentes, como Apple TV+, Disney+ e Amazon.
O crescimento da base de assinantes da Netflix superou o de serviços rivais à custa de um enorme investimento em conteúdo regional e internacional em sua plataforma.
O serviço de streaming tinha 60,62 milhões de assinantes pagos nos EUA no último trimestre encerrado em 30 de setembro, representando mais de um terço da sua base global de assinantes.
A abordagem tem o custo de uma pilha crescente de dívidas, que era de 12,43 bilhões de dólares em 30 de setembro, provocando preocupações entre os investidores.
Martin argumentou que a forte rejeição da empresa em permitir publicidade em sua plataforma obriga a companhia a manter preços altos, o que resultará em perdas de assinantes em seu mercado mais lucrativo.
“O nível de preço da Netflix de 9 a 16 dólares por mês é insustentável”, disse Martin, acrescentando que a perda de programas de TV populares como “Friends” e ‘The Office’ para seus concorrentes pode atingir o valor da empresa ao longo do tempo.
Martin é agora a sexta analista a classificar as ações como “sell” ou pior. A maioria das corretoras ainda classifica as ações como ‘buy’ ou superior.
Catálogo de filmes
Segundo o Streaming Observer, a Netflix reduziu seu catálogo de filmes para 40% nos últimos cinco anos. Somente nos EUA, isso representa inicialmente 6,49 mil títulos em 2014, que caíram para 4,33 mil, em 2016, até chegar a 3,84 mil, em 2019. Porém, no Brasil a realidade deve ser ainda mais complicada, devido ao número de produções disponibilizadas aqui.
Conforme um levantamento da Folha de S. Paulo, a versão nacional do serviço de streaming tem cerca 30% menos filmes e séries se comparada à norte-americana (6 mil contra 4,15 mil). Ainda assim, o Brasil não tem a menor biblioteca mundial na plataforma, pois o país está inclusive à frente de potências europeias, como França e Alemanha.
A explicação para essa mudança, de acordo com o Streaming Observer, pode estar no aumento da concorrência no segmento nesse período. Afinal, a Netflix reinou sozinha por um bom tempo, mas depois surgiram alternativas iniciais (algumas até mais baratas), como Amazon Prime Video, Hulu (não disponível no Brasil) e HBO GO, além das recém-lançadas Apple TV+ e Disney + (EUA, Canadá e parte da Europa).
Outra questão relevante aqui é o considerável investimento da Netflix em um volume cada vez maior de conteúdos originais, com lançamentos constantes entre filmes e séries. Assim, para sustentar esse custo, a companhia aumentou o valor de sua mensalidade em 2019. Esse conjunto de fatores tem se refletido nos negócios da plataforma, que está perdendo assinantes.