Quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2019
Após artistas, diretores e produtores serem alvo de porções de comida e pedras de gelo durante o encerramento do Festival de Cinema de Gramado, na noite de sábado, a organização da mostra se posicionou oficialmente sobre o incidente. Uma nota enviada à imprensa repudiou o incidente, ocorrido passava pelo tapete vermelho na Rua Coberta, a caminho do Palácio dos Festivais.
“O que não se pode admitir é a violência como prática ou resposta a ideias e opiniões diferentes”, diz um trecho da mensagem. “Somente a tolerância e o respeito seguirão fortalecendo a história da cidade e do festival, reforçando e saudando o convívio de todos.”
A agressão ocorreu por volta das 20h30min. E teria partido de simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro sentados às mesas de restaurantes do local e descontentes com o teor da “minipasseata” da turma que se dirigia para a cerimônia de entrega dos troféus “Kikito”, entregues desde 1973 aos melhores filmes e profissionais da chamada “Sétima Arte” no Brasil e na América Latina.
Com palavras-de-ordem em defesa do cinema nacional e contra a censura, realizadores e atores protestavam contra a postura de Bolsonaro em relação ao segmento: recentemente, ele tem ameaçado contingenciar verbas para o setor ou mesmo vetar financiamento para produções sobre temas que ele julga contrários aos valores cristãos e familiares. Confira, a seguir, o conteúdo integra da mensagem de repúdio ao incidente.
Nota na íntegra
“A cidade de Gramado e o Festival de Cinema têm uma história sólida, de fortalecimento e crescimento mútuo. São 47 anos ininterruptos de encontros que trazem à cidade atores, produtores e público do Brasil e América Latina para as mostras, os debates e outras atividades paralelas ligadas à cultura cinematográfica e ao mercado do audiovisual.
“Os dias em que acontece o Festival também mobilizam atividades paralelas, festas e shows, reforçando a vocação turística da cidade. O último fim de semana do Festival é particularmente concorrido, enchendo a cidade de diferentes públicos, entre cinéfilos e pessoas que buscam outros eventos. Todos são bem vindos e o tapete vermelho do Festival é democrático.
“Os espaços em seu entorno são públicos e de livre circulação. Servem de atrativo para os que apenas querem ver artistas e também para os profissionais do audiovisual que acreditam na importância e na história do mais antigo e respeitado Festival de Cinema do Brasil. Conviver com esta diversidade de motivos e desejos para estar na cidade é democrático e fundamental para a harmonia de tudo e todos.
“Como sempre fez em sua tela, o Festival de Cinema de Gramado acolhe, contempla e evidencia diferentes estéticas e opiniões, sendo historicamente um espaço para debates e manifestações. O que não se pode admitir é a violência como prática ou resposta a ideias e opiniões diferentes. Só a tolerância e o respeito seguirão fortalecendo a história da cidade, do festival, reforçando e saudando o convívio de todos”.
(Marcello Campos)