Quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de novembro de 2020
A multinacional farmacêutica Pfizer não revelou ainda que preço o Brasil pagaria por sua vacina de covid-19 caso o governo venha a adquiri-la, mas afirmou que o valor seria menor do que aquele que os Estados Unidos pagaram por dose.
“No momento não poderíamos liberar o preço da vacina porque estamos em negociação com o governo brasileiro, mas podemos dizer que a companhia definiu três níveis de preços”, explicou na tarde desta terça o presidente da divisão brasileira da Pfizer, Carlos Murillo, em seminário promovido pela Academia Nacional de Medicina (ANM).
“Há um preço para países desenvolvidos, como EUA e os europeus, um preço intermediário para os países de renda média, onde entra o Brasil, e um preço para os países menos desenvolvidos.”
A vacina de covid-19 da empresa revelou resultados preliminares promissores nesta semana, com 90% de eficácia, mas ainda não concluiu os testes. O ensaio clínico envolve 44 mil pacientes no mundo, parte deles no Brasil, na Bahia e em São Paulo.
Em julho, o governo americano fechou acordo com a Pfizer e a BioNTech, parceira no desenvolvimento da vacina, que prevê o repasse de 100 milhões de doses em troca de US$ 1,95 bilhão. Um pedido de uso emergencial do produto já está tramitando no país, e a empresa quer começar a vacinar pessoas já em dezembro.
Segundo a multinacional, porém, a capacidade de produção da empresa neste ano será de apenas 50 milhões de doses, apenas uma fração daquelas já contratadas por EUA e outros países, levando em conta que o imunizante requer duas doses.
O Brasil, caso feche um acordo de aquisição da vacina, provavelmente só começaria a receber doses no ano que vem. A Pfizer espera ampliar sua capacidade de produção do produto para entregar 1,3 bilhão de doses em 2021.
O governo federal já fechou acordo com outra farmacêutica, a AstraZeneca, para produção no Brasil de uma vacina de covid-19 que também ainda não concluiu os testes. O produto seria produzido em Manguinhos. O governo de São Paulo fechou acordo similar com a chinesa Sinovac, para produção no Instituto Butantan.
A Pfizer, porém, descarta assinar agora um acordo de transferência de tecnologia que permita ao Brasil fabricar sua vacina aqui. O imunizante criado pela farmacêutica usa uma tecnologia nova, à base de RNA, material genético do vírus, para a qual nenhuma planta brasileira é adequada. A rigor, diz a empresa, nenhuma planta no mundo comporta ainda os requisitos.
Um problema que tem preocupado os desenvolvedores da vacina da Pfizer e autoridades de saúde que consideram comprar seu produto é logístico. A vacina de RNA da empresa precisa ser armazenada a -70°C, e os freezers convencionais de postos de saúde brasileiro não atingem essa temperatura.