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Por Redação O Sul | 23 de abril de 2018
A PGR (procuradora-geral da República), Raquel Dodge, cobrou em ofício ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a PF (Polícia Federal) compartilhe dados encontrados após busca e apreensão nas casas de Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado e ex-assessor de Michel Temer; do coronel aposentado João Batista Lima Filho, amigo de Temer; nas empresas Argeplan e Rodrimar e na sede do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em 2017.
A PGR explicou que dez mandados de busca e apreensão foram expedidos para os endereços e alguns dos itens recolhidos ainda não foram enviados pela Polícia Federal para análise da Procuradoria-Geral da República. “Por outro lado, verificou-se que a autoridade policial não encaminhou alguns itens apreendidos, sendo necessário ultimar a análise de tais bens e documentos, ante o lapso temporal já decorrido desde a deflagração da Operação Patmos”, afirmou Dodge no ofício.
O ofício a que a reportagem teve acesso foi assinado em 9 de abril por Dodge e, posteriormente, encaminhado para o ministro Edson Fachin, do STF. “Ante o exposto, a Procuradora Geral da República requer: c) a conclusão pela autoridade policial das análises dos bens apreendidos que ainda não foram juntados aos autos”, conclui a PGR.
Lima e o presidente Michel Temer são amigos há décadas, e mantêm relações próximas até hoje. Um relatório de busca e apreensão da Operação Patmos, da Polícia Federal, diz que Lima é um homem com acesso direto ao presidente Michel Temer. Lima é o dono da empresa Argeplan, que também foi alvo de busca e apreensão. Ele foi preso no fim de março pela Operação Skala da PF.
O inquérito dos Portos investiga se o presidente Michel Temer editou um decreto a fim de favorecer empresas portuárias em troca de propina. Temer nega. Uma dessas empresas seria a Rodrimar.
Amizade
O empresário Gonçalo Torrealba, proprietário do Grupo Libra, afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o coronel João Baptista Lima Filho – tido como um dos aliados do presidente Michel Temer – era o responsável pela arrecadação de verbas para viabilizar as campanhas eleitorais do emedebista.
Temer negou, em resposta à PF no início do ano, qualquer ilegalidade no processo. “O Sr. João Baptista me auxiliou em campanhas eleitorais, mas nunca atuou como arrecadador de recursos (…) Conheço o Sr. João Baptista Lima Filho desde a época de minha primeira gestão como Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, em 1984, oportunidade em que o Sr. João Baptista foi meu assessor militar”, detalhou o presidente à época.
Torrealba disse ainda ter recusado o pedido feito por Baptista. Porém, confirmou que o contato foi mantido com o coronel nos anos seguintes. Diante do questionamento sobre as doações feitas ao MDB – R$ 1 milhão em 2014; R$ 500 mil em 2010, e R$ 75 mil em 2006 – o empresário explicou que as transferências não buscavam nenhuma contrapartida do governo federal.