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Por Redação O Sul | 6 de setembro de 2018
Um total de 23,3 milhões de pessoas viviam abaixo da linha da pobreza no Brasil no final de 2017, 6,27 milhões a mais (+33%) do que no final de 2014, segundo um estudo da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Nesse período, durante o qual a economia sofreu uma das piores recessões de sua história, a proporção de brasileiros que sobreviviam com menos de 232 reais mensais subiu de 8,38% para 11,18%, em um País de mais de 200 milhões de habitantes.
O documento, elaborado pelo Centro de Políticas Sociais da FGV, destaca que o número de pobres no Brasil supera a população total do Chile (17,5 milhões de habitantes).
Os dados são publicados a um mês das incertas eleições de 7 de outubro, com campanhas amplamente centradas na questão do emprego.
A perda de postos de trabalho foi a principal causa do aumento da pobreza.
“O desemprego foi o principal responsável pela queda de poder de compra das famílias brasileiras (…). Desemprego é sinal de desajuste do mercado de trabalho e de frustração. A maioria dos ocupados passa a temer cair no desemprego, e por precaução reprimem a sua demanda por bens e serviços”, acrescentou.
Segundo dados do IBGE, cerca de 12,9 milhões de pessoas estão desempregadas atualmente no Brasil (12,3% da população ativa) e outras 4,8 milhões entram na categoria daqueles que, desestimulados pelas dificuldades do mercado de trabalho, desistiram de procurar emprego.
A renda média dos brasileiros sofreu uma forte degradação desde 2014: no começo deste ano, registrava um crescimento de 5,1% em 12 meses, enquanto em meados de 2016 havia caído 5,5%. A tendência conseguiu ser revertida, com um aumento de 1,6% no segundo trimestre de 2018, indica a FGV.
Pobreza e crise na Argentina
Criticado pelo presidente argentino Mauricio Macri desde a época em que ele ainda era candidato à Casa Rosada, em 2015, o imposto sobre exportações agrícolas será ampliado para todos os setores exportadores e se tornará uma das principais ferramentas do governo para tentar zerar o déficit fiscal primário no ano que vem. A medida foi anunciada ontem, ao lado de outras de austeridade e de algumas de caráter social, que devem ser implementadas para reduzir os efeitos do aumento da pobreza, problema reconhecido por Macri em seu discurso.
“Com essas mudanças (na política econômica), começamos a superar a crise, cuidando sempre dos que mais necessitam, porque sabemos que, com a desvalorização (do peso, que já perdeu 50% de seu valor no acumulado do ano), a pobreza vai aumentar”, disse Macri.
A ampliação do imposto sobre exportações deve aumentar a arrecadação do país em 348 bilhões de pesos (R$ 38 bilhões) em 2018 e 2019. O dirigente argentino admitiu ontem, porém, que a taxação é “ruim”. “Mas tenho de pedir que entendam se tratar de uma emergência.”
Do lado dos gastos, o presidente pretende cortar investimentos, subsídios a serviços como transporte e congelar aumentos salariais do funcionalismo. Macri também confirmou que reduzirá o número de ministérios à metade.