Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 20 de dezembro de 2018
Três homens foram presos nesta quinta-feira (20), na zona rural de Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, e mais de dez toneladas de cigarros foram apreendidas durante uma operação da Polícia Civil que fechou uma fábrica clandestina. O local movimentava mais de R$ 1,2 milhão por mês.
Onze paraguaios, que trabalhavam em situação análoga à escravidão, foram resgatados. A ação foi coordenada pela Delegacia de Polícia da cidade. A equipe chegou à fábrica clandestina por acaso, quando se preparava para dar cumprimento a dois mandados de busca e apreensão nas proximidades. Ao avistarem movimentação estranha na propriedade, os policiais civis ingressaram na área rural.
No local, além das dez toneladas de cigarros, foram localizados matéria-prima, maquinário para produção e inúmeros selos e documentos de origem paraguaia – os quais seriam utilizados na tentativa de fazer com que os cigarros fabricados no local se passassem por produtos de marcas originais.
Segundo as investigações, a fábrica pode estar em funcionamento desde 2013, pois um caderno com anotações que remontam à época foi encontrado pelos policiais civis. O mesmo também contém o planejamento de negócios para todo o ano que vem. A Polícia Civil acredita que os três presos na operação façam parte da administração do esquema.
Dos três presos, dois são paraguaios e foram apresentados à Polícia Federal por estarem ilegais no Brasil. Os trabalhadores resgatados foram entrevistados pelos policiais civis. O grupo foi encontrado em condições precárias dentro de um alojamento, na propriedade rural, e tentou fugir no momento da abordagem. Segundo depoimentos, os trabalhadores eram levados encapuzados até o local para que não identificassem o caminho nem pudessem fugir.
Contrabando
Quarenta e oito por cento do total de cigarros consumidos no Brasil é oriundo do contrabando, principalmente do Paraguai, que tem o menor imposto do mundo para o produto, segundo o ETCO (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial). Esse crime financia outros mais graves, como o tráfico de drogas e de armas, lavagem de dinheiro, sonegação, corrupção e trabalho escravo.
“Há um sentimento de impunidade, de baixo risco, o que incentiva o contrabando”, disse o presidente do ETCO, Edson Vismona. “O espaço das fronteiras está sendo ocupado pelo crime organizado. Não podemos aceitar isso. Precisamos formular políticas para combater o crime, para fortalecer o desenvolvimento, a integração”, afirmou Vismona. “Temos que ter uma visão mais de integração entre os países. A fronteira não pode ser um espaço abandonado. Temos que cuidar da nossa segurança”, prosseguiu.
“Temos que defender o mercado legal. O ETCO articula ações para isso. Estimula a ética concorrencial, a defesa da lei. Os países mais desenvolvidos têm índices elevados de respeito à lei, à ética. O grande desafio do século 21 é a defesa da legalidade”, concluiu o presidente do instituto, fundado em 2003.