Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2018
A PF (Polícia Federal) encontrou R$ 301 mil em dinheiro vivo no apartamento do ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações). O dinheiro foi achado durante buscas realizadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, nesta quarta-feira (19). Kassab (PSD) é alvo da delação premiada de executivos do grupo J&F. As informações são do jornal Estado de S. Paulo.
A partir de janeiro, Kassab será o secretário da Casa Civil do governo João Doria (PSDB), em São Paulo.
Além dos R$ 301 mil, a PF apreendeu documentos na residência de Kassab, um apartamento situado nos Jardins.
Ao todo, a PF cumpre nesta quarta oito mandados de busca e apreensão. Além de Kassab, são alvo de mandados endereços relacionados ao governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD).
Segundo a PF, o objetivo da ação é “investigar o recebimento de vantagens indevidas”, entre os anos de 2010 a 2016, por parte de Kassab. Os repasses das empresas de Joesley e Wesley Batista teriam como objetivo garantir que Kassab defendesse os interesses do grupo e apoiasse a candidata do PT Dilma Rousseff (PT) na eleição de presidencial de 2014.
Além do apartamento do ministro em São Paulo, a PF também faz busca em endereços ligados ao irmão dele, Renato Kassab.
Tanto Kassab como Faria são investigados por corrupção passiva e falsidade ideológica eleitoral. Ao longo da investigação, diz a PF, descobriu-se que os repasses para Kassab e Faria teriam sido efetuados por meio da assinatura de contratos falsos com simulação de serviços entre as empresas do Grupo J&F e firmas indicadas pelos políticos.
Uma das empresas que teriam emitido essas notas é a Yape Consultoria, ligada à família de Kassab.
Aproximadamente 40 policiais federais dão cumprimento aos mandados de busca e apreensão, sendo 6 mandados no Estado de São Paulo e 2 no Rio Grande do Norte.
O que diz Kassab
“Os valores possuem comprovação de origem e cumprem todos os requisitos legais. O ministro reafirma sua tranquilidade e confiança na Justiça.”
“O ministro confia na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, sabe que as pessoas que estão na vida pública estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário, reforça que está sempre à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários, ressalta que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público.”
O que disse Doria
A propósito das medidas tomadas em relação ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações Gilberto Kassab, o governo João Doria confia na conduta da Justiça e no amplo direito de defesa do ministro para os esclarecimentos necessários.
Kassab pegou R$ 58 milhões da J&F, diz PGR
A procuradora-geral da República Raquel Dodge afirma que o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), recebeu R$ 58 milhões do grupo J&F, dono da JBS.
Segundo a Procuradoria, Kassab recebeu valores ilícitos até quando já ocupava o cargo de ministro.
A delação de executivos do Grupo J&F revela “mensalão” de R$ 350 mil para Kassab no período entre 2010 e 2016. O ex-prefeito de São Paulo (2006/2013) comandou primeiro o Ministério das Cidades do governo Dilma entre 2015 e 2016.
Em 2016, com o impeachment da petista, Kassab assumiu no governo Michel Temer o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Segundo Raquel Dodge, os repasses foram feitos em duas situações distintas. Uma delas, entre 2010 e 2016, período em que Kassab teria recebido R$ 350 mil mensais, alcançando, ao todo R$ 30 milhões.
“O objetivo dos pagamentos era contar com poder de influência do ministro em eventual demanda futura de interesse do referido grupo”, diz a PGR. Os repasses teriam sido feitos por meio de contratos falsos entre a J&F e uma empresa de prestação de serviços com uma empresa do ramo de transportes.
Na segunda ocasião, em 2014, cita a PGR, foram pagos R$ 28 milhões ao diretório Nacional do PSD, na época, presidido por Kassab. O objetivo dos pagamentos era garantir o apoio do PSD ao PT na disputa presidencial de 2014.
“Neste caso, o repasse foi operacionalizado por meio de doações oficiais de campanha e outros artifícios como a quitação de notas fiscais falsas. Também há registro da entrega de dinheiro em espécie”, diz a PGR.