Terça-feira, 13 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2019
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é alvo da Polícia Federal (PF) por suspeitas de recebimento de propinas em espécie pagas pela Odebrecht. A investigação está atrelada a inquérito que apura lavagem de dinheiro pela Projeto Consultoria, empresa do ex-ministro e delator Antonio Palocci, que comandou a Fazenda e a Casa Civil nos governos do PT. As informações são do jornal Valor Econômico.
Lula foi intimado a depor no inquérito no dia 22 de março, às 9 horas. Ele está preso em uma sala no último andar da PF de Curitiba, onde cumpre pena de 12 anos e 1 mês de reclusão imposta pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por corrupção e lavagem relacionadas ao recebimento de um tríplex reformado pela OAS – como contrapartida por contratos com a Petrobras obtidos pela empresa, segundo a acusação. A defesa do petista tem reiterado que ele é inocente e que nunca recebeu propinas.
Lula é alvo de mais uma investigação por causa da delação de Palocci, seu ex-braço direito.
O ex-ministro afirmou ter entregue a Lula “cerca de oito a nove vezes valores em espécie”. Segundo Palocci, eram remessas de R$ 50 mil, em média, e o dinheiro vivo era colocado em caixas de uísque, narrou o delator.
A investigação também apura o relato de Palocci de que Lula teria recebido propina pela obra da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Por esse empreendimento, a Odebrecht teria destinado R$ 15 milhões a Lula, conforme os relatos de Palocci feitos em delação premiada.
Em um dos depoimentos, Palocci afirmou ter entregue dinheiro em espécie a Lula em Brasília e “diversas vezes” em São Paulo. Disse também que levou “valores em espécie para Lula dentro da aeronave presidencial” e que era a única pessoa a entregar pessoalmente valores a Lula “em mãos”.
Na terça-feira, Lula prestou depoimento à PF no contexto de outra investigação, aberta depois que cerca de 50 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Sem Medo – liderados pelo ativista Guilherme Boulos – ocuparam o tríplex em 16 de abril do ano passado, em seguida à invasão do edifício Solaris, localizado na praia das Astúrias, no Guarujá.
Eles ficaram no imóvel por cerca de quatro horas e saíram depois de negociarem com a Polícia Militar. O imóvel teve sequestro ordenado pela Justiça Federal em 15 de fevereiro deste ano e deverá ir a leilão em data ainda não definida.
Delegada da PF em Santos, Luciana Fuschini foi à Curitiba ouvir o ex-presidente na terça-feira pela manhã. Ela perguntou a Lula se ele incitou a ocupação do tríplex. O petista disse que não e também negou ter tratado do assunto com Boulos antes de ser preso. Lula se entregou à PF em sete de abril de 2018. O apartamento do Guarujá foi invadido pelo MTST em 16 de abril. Nessa mesma data, a PF abriu inquérito para investigar ‘esbulho possessório’ (invasão de propriedade).
Lula também foi indagado sobre declaração feita em discurso no dia 24 de janeiro na praça da República, em São Paulo, após saber da decisão do TRF-4. “Se me condenaram, me deem pelo menos o apartamento”, falou na ocasião. Lula disse que foi ‘força de expressão’ para manifestar a sua indignação com a condenação.