Domingo, 15 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 6 de agosto de 2019
Autoridades brasileiras estão na expectativa da extradição ou deportação para o Brasil de Paulo Roberto Oliveira Figueiredo Filho, neto do general já falecido João Baptista Figueiredo, último presidente da ditadura militar. Um dos alvos centrais da Operação Circus Máximus, Figueiredo foi preso em Miami (EUA) no último dia 23 por irregularidades em documentos exigidos pela imigração dos Estados Unidos, segundo disse uma autoridade do caso. As informações são dos jornais O Globo e Folha de S.Paulo.
Figueiredo é acusado de envolvimento em supostas fraudes relacionadas à construção do ex-Trump Hotel, hoje LSH Hotel, no Rio de Janeiro. Empresários e lobistas são suspeitos de pagar propina a ex-dirigentes do Banco Regional de Brasília (BRB) em troca de liberação de recursos de fundos de pensão para a construção do hotel.
A Trump Organization, do presidente Donald Trump, se retirou do negócio ainda na fase inicial do projeto. Em janeiro deste ano, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal decretou a prisão de Figueiredo e outros investigados. Desde então, o neto do ex-presidente era o único considerado foragido. Ele teve até o nome incluído na difusão vermelha da Interpol.
Pelas regras do acordo de cooperação jurídica entre Brasil e Estados Unidos, toda prisão de pessoas incluídas na difusão vermelha da Interpol obriga o país de origem da informação a pedir a extradição. Trata-se de um processo judicial, que pode se prolongar por meses. Autoridades brasileiras esperam, no entanto, que antes da extradição, Figueredo seja deportado.
A deportação é um rito sumário. Ou seja, Figueiredo poderia ser mandado rapidamente de volta para o Brasil. Em fevereiro deste ano, o Ministério Público Federal denunciou o neto do ex-presidente e mais 16 pessoas pelas supostas fraudes nas negociações para a construção do LSH Hotel.
Subornos
Segundo documentos da operação, ao menos R$ 16,5 milhões em subornos foram pagos a dirigentes do BRB para que eles liberassem recursos de fundos de pensão de estatais e de órgãos públicos, administrados pelo banco, e da própria instituição financeira para os projetos que davam prejuízo e não passavam por análise técnica adequada, entre eles o do hotel.
Os relatórios da operação sustentam que as propinas eram pagas por meio de entregas em dinheiro vivo.
De acordo com esses documentos, uma fornecedora da obra do hotel simulava a prestação de serviços e emitia notas fiscais frias com o objetivo de acobertar a saída de recursos para os pagamentos ilícitos.
A PF afirma que os sócios do empreendimento, entre eles Paulo Renato, sabiam do esquema e enriqueceram indevidamente com ele.
“Os aportes dos investidores se converteram em benefício indevido aos agentes Ricardo Rodrigues, Arthur Soares Filho [conhecido como Rei Arthur] e Paulo Figueiredo Filho”, diz um dos relatórios.