Segunda-feira, 24 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de julho de 2018
A PF (Polícia Federal) cumpriu mandado de busca e apreensão no gabinete do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) na manhã desta quinta-feira (5). A ação foi um desdobramento da Operação Registro Espúrio, que investiga desvios no Ministério do Trabalho relacionados à concessão do registro sindical.
A terceira fase da Registro Espúrio também determinou o afastamento do ministro do Trabalho, Helton Yomura. O pedido foi feito pela PF e pela Procuradoria-Geral da República e aceito pelo ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal.
A terceira fase da operação, segundo a PF, teve como objetivo “aprofundar as investigações a respeito de organização criminosa que atua na concessão fraudulenta de registros sindicais junto ao Ministério do Trabalho”.
Foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária, expedidos pelo Supremo, em Brasília e no Rio.
Assessor
A PF encontrou nesta quinta, durante as ações, R$ 95 mil reais em espécie no apartamento de um assessor do deputado federal Nelson Marquezelli.
O assessor, Jonas Antunes Lima, foi preso na operação desta quinta. Policiais também fizeram buscas e apreensões no gabinete de Marquezelli na Câmara. Lá, encontraram R$ 5 mil em espécie. O deputado disse que é um dinheiro para usar em viagens que faz ao interior de São Paulo.
A Registro Espúrio investiga uma suposta organização criminosa, integrada por políticos e servidores, que teria cometido fraudes na concessão de registros de sindicatos pelo ministério.
Marquezelli estava no gabinete dele na Câmara dos Deputados na hora em que os policiais federais chegaram para fazer as buscas, por volta de 6h30min. À imprensa, o deputado disse que não tem “nada a temer”.
“Vamos esperar a investigação. A gente sabe perfeitamente que esse é um trabalho que deve ser feito e esclarecido para a população. Nada a temer”, afirmou.
Questionado sobre a prisão de seu assessor, Marquezelli disse que Jonas poderá dar informações úteis à polícia.
“Ele trabalhou no marco regulatório [do setor de transportes] por dois anos, teve muito contato com sindicatos, associações, cooperativas, então ele conhece. Ele pode dar informações que serão úteis no caminho da investigação. Espero que ele faça isso, forneça informações para que as investigações prossigam”, afirmou o deputado.
Marquezelli disse ainda que não queria que o PTB tivesse assumido o Ministério do Trabalho. O partido fez todas as indicações para a pasta desde 2016, quando o presidente Michel Temer assumiu o governo. Segundo o parlamentar, a evolução do número de sindicatos no Brasil não aconteceu “de graça”.
“Nós sabemos aqui, os bastidores sabem, que essa evolução do número de sindicatos do País, quase 18 mil sindicatos, não é de graça. Essas evoluções. Foi um forçamento de barra para ter sindicato de tudo que é jeito. Eu sempre fui contra essa proliferação de sindicatos e é uma das razões que eu fui contra o PTB ir para o Ministério do Trabalho”, afirmou.
Em nota, a defesa de Yomura afirmou que o ministro não cometeu nenhum ato ilícito e que “nega veementemente qualquer imputação de crime ou irregularidade”.