Sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2019
A PF (Polícia Federal) cumpriu mandados de busca e apreensão no domingo (1º) e prendeu um homem por um suposto plano de atentado contra o presidente Jair Bolsonaro. A investigação foi iniciada após o suspeito ter publicado fotos e vídeos em uma rede social na sexta-feira (29) de um possível plano “que visava a atentar contra o presidente”, diz a PF em nota.
O homem, que foi detido na sexta-feira, trabalhava como terceirizado na Escola de Sargentos das Armas na cidade de Três Corações (MG), onde Bolsonaro esteve em visita oficial naquele mesmo dia, para uma solenidade de formatura do Curso de Sargentos.
A PF informou que os dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas cidades de Três Corações (MG) e Alfenas (MG), após autorização da Justiça Federal. O caso é apurado sob suspeita de crime contra a segurança nacional, com pena prevista de três a dez anos de reclusão.
Não foram divulgados detalhes sobre a identidade do homem nem sobre o plano de suposto atentado.
Facada
Em setembro do ano passado, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro foi esfaqueado em Juiz de Fora por Adélio Bispo de Oliveira, que está na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS). Adélio foi atestado com transtorno mental e, por isso, considerado pela Justiça como réu inimputável (isento de pena).
Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada, está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande.
Em seu último depoimento à Polícia Federal, em outubro, Adélio disse que se recusa a fechar acordo de delação premiada porque não tem nada a falar além do que já relatou. Ele manteve a versão de que agiu sozinho e negou que o atentado tenha sido encomendado.
O delegado da PF Rodrigo Morais, que ouviu Adélio, também tomou o depoimento de um interno da penitenciária que disse ter ouvido o autor da facada em Bolsonaro confessar que teria conexões com uma facção criminosa e com políticos.
O preso é o iraniano Farhad Marvizi, que enviou uma carta ao presidente narrando ter dados que poderiam ajudar a esclarecer o episódio. O informante, no entanto, é considerado pelos investigadores uma fonte de baixa credibilidade, por ser afeito a contar histórias mirabolantes.
No depoimento, Marvizi disse que ouviu os detalhes do próprio Adélio, num período em que estiveram juntos na ala médica da penitenciária, mas avisou que só contará o que sabe em troca de perdão judicial do presidente da República.
O iraniano afirmou que o esfaqueador recebeu a promessa de ganhar R$ 500 mil para matar o então presidenciável, mas não revelou quem seria a pessoa responsável pelo pagamento.
O candidato a colaborador não citou até agora nenhum nome de facção ou de político supostamente ligado ao atentado nem indicou ter provas. A suspeita de envolvimento do PCC (Primeiro Comando da Capital) no caso já foi derrubada pelos policiais.
Diante do pedido para entregar dados concretos que pudessem corroborar sua versão, Marvizi falou que não pode dizer mais nada e que teme ser morto.
A PF descartou aceitar algum tipo de acordo com o estrangeiro, por desconfiar da veracidade de suas palavras. O iraniano tem o hábito de mandar correspondências para personalidades —já teria escrito ao apresentador Silvio Santos e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A investigação sobre a facada está em andamento. Não há, até o momento, nenhum indício de que Adélio tenha contado com algum mandante ou tenha recebido dinheiro para cometer o crime.
Bolsonaro e seus advogados, no entanto, mantêm o discurso de que a tentativa de homicídio foi cometida por ordem de alguém.