Quarta-feira, 30 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 11 de abril de 2019
A PF (Polícia Federal) chegou a pedir a prisão do engenheiro Djalma Bastos de Morais, ex-ministro das Comunicações do governo Itamar, entre 1993 e 1995, no inquérito da Operação “E o Vento Levou”, quarta fase da Operação Descarte, deflagrada nesta quinta-feira (11), contra suposto desvio de R$ 40 milhões da Cemig (Companhia Energética de Minas). Além de Djalma Morais, que presidiu a Cemig, outros dois importantes aliados do deputado Aécio Neves (PSDB/MG) são alvo das investigações e deles a PF também pediu a prisão – Oswaldo Borges, que presidiu a Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas) e o empresário Flávio Jacques Carneiro, do Grupo Bel (Editora Minas e Ediminas).
A juíza Fabiana Alves Rodrigues, da 2.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, autorizou a deflagração da Operação “E o Vento Levou”, ordenou buscas em 26 endereços de suspeitos, mas não mandou prender Morais, Oswaldo e Jacques Carneiro. As investigações tiveram base nas revelações de três delatores – fecharam acordo de delação o diretor da empresa Casa dos Ventos Energias Renováves, Clécio Antônio Campodônio Eloy, o ex-diretor-jurídico da Renova Energia AS Ricardo Assaf e o operador financeiro Francisco Vila.
A informação sobre a delação foi antecipada pela coluna Direto da Fonte, da jornalista Sonia Racy. Os delatores indicaram o caminho dos R$ 40 milhões. A PF descobriu que as negociações com executivos da empreiteira Andrade Gutierrez, então acionista da Cemig, não prosperaram em um primeiro momento. A partir daí, segundo o inquérito da Operação “E o Vento Levou”, o ex-jurídico da Renova Energia Ricardo Assaf começou a sofrer pressão por parte de Ricardo Delneri – sócio fundador da Renova – e Fernando Schiffner, diretor de Novos Negócios e Participações da Cemig.
Segundo a PF, Delneri e Schiffner determinaram a Assaf que entrasse em contado com Djalma Morais, “presidente da Cemig que também tinha ciência dos repasses clandestinos que seriam efetuados”. Segundo a Procuradoria da República, Assaf reuniu-se “algumas vezes” com Djalma Morais nas dependências da presidência da Cemig e na sala vip da Líder Táxi Aéreo do aeroporto Santos Dumont, no Rio, e no apartamento do ex-ministro, no bairro de lpanema “para tratar dos repasses clandestinos”.
“Enfim, após a realização das transferências para as empresas indicadas ou operadas pelo grupo Claro Advogados, Ricardo Assaf passou a determinar, após receber orientações de Djalma Morais e Fernando Schuffner, que Francisco Vila efetuasse ‘saques’ de valores em espécie junto ao caixa paralelo operacionalizado por Luiz Carlos Claro e que entregasse dinheiro em espécie para pessoas que ele indicava.” Tais saques constavam da contabilidade apreendida no grupo Claro Advogados, disse a investigação.