Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2018
A Polícia Federal pediu a prisão do presidente do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, nas investigações sobre venda de registro sindical no Ministério do Trabalho. Com parecer contrário da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o ministro Edson Fachin, relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), rejeitou o pedido.
O ex-deputado faz parte de um grupo investigado por facilitar a concessão de registro sindical. Entre os alvos da chamada Operação Registro Espúrio estão os deputados Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff na Câmara, Paulinho da Força (SD-SP) e Wilson Filho (PTB-PB). Os gabinetes dos três na Câmara foram alvo de mandados de busca e apreensão.
No mesmo despacho, o ministro determinou outras 23 prisões preventivas e temporárias de outros suspeitos, entre elas a do secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Leonardo Arantes; e de Rogério Arantes, um dos diretores Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária), dois sobrinhos de Jovair Arantes.
Nos pedidos de prisões e buscas, Raquel Dogde informa a Fachin que “no decorrer do inquérito, a Polícia Federal identificou a existência de um esquema criminoso estruturado em cinco núcleos de atuação: administrativo, político, sindical, captador e financeiro”.
A Polícia Federal ainda está apurando os valores cobrados por registro. Em um dos casos investigados, a polícia identificou a venda de um registro por R$ 4 milhões.
Em nota, a direção nacional do PTB afirmou que “jamais participou de quaisquer negociações espúrias no Ministério do Trabalho”. O partido diz que, caso a participação de filiados no esquema seja comprovada, eles “devem assumir suas responsabilidades perante a sociedade”.
O partido ressaltou que “reitera apoio ao trabalho da Polícia Federal – ontem, hoje e sempre –, em especial neste grave momento da vida nacional”.
Apadrinhados no Ministério
O Globo revelou que apadrinhados pelo PTB-GO desempenham ou desempenharam funções-chave na liberação de recursos no Ministério do Trabalho. Eles foram responsáveis pela liberação de pagamentos a B2T, mesmo após parecer da Controladoria-Geral da União, que apontou superfaturamento nos contratos com a empresa e recomendou a suspensão dos repasses.
Jovem que liberava milhões
Indicado por Jovair Arantes, líder do PTB, Mikael Tavares, de 19 anos, foi nomeado gestor financeiro responsável do ministério. Um dia após assumir a função, liberou o pagamento de R$ 22,49 milhões a B2T. Após reportagem do Globo, ele acabou sendo exonerado.
Peladeiros
Já o sobrinho de Jovair Arantes, Leonardo José Arantes levou amigos seus do futebol para dentro do ministério. Eles foram nomeados para funções comissionadas. Um deles é gestor e os demais fiscais dos contratos do ministério com a empresa B2T.
‘171’
O líder do PTB ainda apadrinhou no ministério Tulio Ostilio Pessoa de Oliveira, que foi réu por crime de estelionato, artigo 171 do Código Penal. Ele foi acusado de vender um aparelho pela internet, receber o dinheiro e desaparecer sem entregar o produto, mas fez um acordo para suspender o processo.
Assessor denunciado
Outro caso é o de Arilson Vieira da Silva, denunciado por peculato e falsidade ideológica, por desvio de recursos de um hospital de combate ao câncer de Goiânia. Apadrinhado pelo PTB, Arilson foi nomeado em 2016 para o cargo de confiança de assessor no gabinete do ministro.