Domingo, 04 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 30 de maio de 2018
A PF (Polícia Federal) tentou prender na manhã desta quarta-feira (30) o número dois do Ministério do Trabalho, Leonardo Arantes, secretário-executivo da pasta, mas ele está fora do País, num evento em Londres (Inglaterra). Um mandado de prisão preventiva contra Leonardo foi expedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), conforme O Globo confirmou com duas fontes no ministério.
Os policiais federais, no entanto, não encontraram o secretário. Por volta das 10h30min, quando a Operação Registro Espúrio já estava nas ruas, Leonardo usou seu perfil no Facebook para divulgar que estava em missão oficial na Inglaterra.
“Como Secretario-Executivo do MTb, acompanhado do chefe da Assessoria Especial de Controle Interno, em momento de network do evento Fintech World Forum 2018, em Londres, estabeleceu contato com a representante do Governo do Arizona (EUA), Senhora Sandra Watson, para troca de experiências com aquele Estado que é pioneiro em financiamento se Start-Ups através de Fintechs (bancos tecnológicos). #fintechworldforum2018 #ministeriodotrabalho”, escreveu Leonardo na postagem.
Neste momento, os policiais federais já estavam nas ruas para cumprir oito mandados de prisão preventiva, 15 de prisão temporária e 64 de busca e apreensão, em oito unidades da federação. A PF fez buscas na Câmara, mais especificamente nos gabinetes dos deputados Paulinho da Força (SDD-SP), Wilson Filho (PTB-PB) e Jovair Arantes (PTB-GO). Eles são suspeitos de integrar um esquema que fraudava concessões de registro sindicais no ministério.
A Polícia Federal informou que ainda não tem trâmite com a Interpol para efetuar a prisão de Leonardo.
Leonardo é sobrinho de Jovair Arantes, líder do PTB na Câmara e um dos principais controladores do loteamento de cargos no Ministério do Trabalho. O Globo publicou uma série de reportagens em março que revelou detalhes deste loteamento.
Jovair e Leonardo foram os responsáveis pela nomeação de Mikael Tavares Medeiros, um jovem de 19 anos, num cargo comissionado de coordenação. O rapaz passou a ser o responsável pela liberação de pagamentos na ordem de R$ 473 milhões por ano, tendo liberado, inclusive, pagamentos de um contrato suspeito de superfaturamento. Mikael acabou demitido do ministério.
O sobrinho do deputado Jovair Arantes também levou sua turma de amigos do futebol em Goiânia para dentro do Ministério do Trabalho. Na pasta, são eles os responsáveis por gerenciar a liberação dos pagamentos e fiscalizar os repasses a uma empresa de tecnologia suspeita de superfaturar contratos, a B2T. A B2T diz que não houve superfaturamento e que todas as acusações da CGU (Controladoria-Geral da União) são contra o ministério, não contra a empresa.
Leonardo José Arantes chegou ao cargo de secretário de Políticas Públicas de Emprego em 2 de junho de 2016, com salário de R$ 16,2 mil, pelas mãos do tio – o sobrinho acumula o cargo com o de secretário-executivo da pasta. Poucos dias depois, o secretário levou para Brasília três amigos de Goiânia, nomeados em funções comissionadas no ministério.
Um é o gestor dos contratos com a empresa B2T, cujos contratos foram superfaturados, segundo auditoria do Ministério da Transparência e CGU. Foi um desses amigos que fez os encaminhamentos para que uma nota fiscal de R$ 32,8 milhões fosse paga a partir de encaminhamentos pelo jovem Mikael. Os outros dois são fiscais desses repasses. Todos são filiados ao PTB em Goiás.
Os quatro amigos são companheiros de “pelada” em Goiânia. O time tem até nome: Curva de Rio. No fim do ano, costumam jogar no estádio Serra Dourada, o mais importante da cidade. Os amigos têm apelidos dentro das quatro linhas. Arantes é “Verminho”; Leonardo Soares de Oliveira, seu chefe de gabinete, é o “Fezes”.
Em nota, o Ministério do Trabalho disse que “está acompanhando atentamente as ações desenvolvidas pela Polícia Federal com o propósito de apurar eventuais crimes no âmbito da concessão de registros sindicais”.
A pasta informa que “apuradas as responsabilidades, dispensável dizer que o Ministério do Trabalho não se eximirá de aplicar as penalidades previstas em lei”, ressaltando que garantirá o “mais amplo direito de defesa aos servidores e ex-servidores”.