Terça-feira, 14 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de agosto de 2019
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, decidiu nesta segunda-feira (12) prorrogar por mais um ano a força-tarefa da Operação Lava-Jato no Paraná. É a quinta vez que o grupo é prorrogado, desde sua criação em 2014.
A portaria que oficializa a medida será publicada nesta terça-feira (13) e deve ser submetida ao CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal). Quem coordena a força-tarefa da operação no estado é o procurador da República Deltan Dallagnol.
A criação ou encerramento de forças-tarefas é de responsabilidade do procurador-geral da República. A força-tarefa da Operação Lava-Jato acabaria em 9 de setembro, mesmo mês em que encerra o mandato de Dodge. Ela por ou não ser reconduzida ao cargo.
Ao todo, a equipe tem 69 integrantes entre procuradores, servidores, contratados e estagiários.Em nota, a PGR (Procuradoria-Geral da República) informou que, segundo dados da Secretaria-Geral do MPU (Ministério Público da União), o grupo custa R$ 112,2 mil por mês. Por ano, considerando todos os encargos, o gasto chega a R$ 1,4 milhão.
The Intercept Brasil
Há semanas o site “The Intercept Brasil” publica reportagens baseadas em conversas atribuídas a procuradores da Operação Lava-Jato, entre eles Deltan Dallagnol. No início do mês, a PGR negou em nota informações de que Dodge esteja sofrendo pressões para afastar o procurador da coordenação da força-tarefa.
A nota foi divulgada pela Procuradoria para desmentir reportagens segundo as quais ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) estariam pressionando a procuradora-geral para afastar o responsável pela Lava-Jato em Curitiba.
Em nota, a PGR disse que Deltan tem garantia constitucional de não ser afastado dos processos da Lava-Jato, dos quais é o promotor natural, atuando em conjunto com os demais membros da força-tarefa, designados pela procuradora-geral Raquel Dodge.
Vazamentos
Procuradores da Lava-Jato, entre eles o chefe Deltan Dallagnol, passaram os últimos dois anos atacando a procuradora-geral da República Raquel Dodge num grupo do aplicativo Telegram, segundo reportagem do jornal El País.
A base da matéria são as milhares de conversas obtidas pelo site Intercept Brasil envolvendo a Lava-Jato e o ex-juiz Sérgio Moro – e cujos detalhes vêm sendo publicados por vários veículos de comunicação desde 9 de julho.
Segundo o que se depreende dos diálogos agora revelados, a insatisfação dos procuradores com Dodge vinha de sua demora em encaminhar delações da Lava Jato para homologação no Supremo Tribunal Federal. Dede que assumiu o posto, em setembro de 2017, Dodge encaminhou apenas um acordo de delegação ao Supremo, relativo a um caso envolvendo o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Entre as delações que Dodge não deu prosseguimento, está a do empreiteiro Léo Pinheiro, dono da OAS – que mudou duas vezes de versão e só teve o acordo fechado quando passou a incriminar o ex-presidente Lula.
Os procuradores reclamam que Dogde “não despacha nada” e “centraliza tudo”. Em uma das conversas, o procurador Antonio Carlos Welter fala em colocar a questão na “ponta da faca” e discute a possibilidade de o grupo ingressar com mandado de segurança contra ela, por omissão.