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Por Redação O Sul | 19 de junho de 2018
Pelo menos 12 pessoas morreram vítimas de raiva humana desde o início do ano na paupérrima comunidade de Melgaço, no arquipélago de Marajó, no Pará, município com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil. Até agora, foram 14 casos notificados e sete confirmados laboratorialmente pelo Instituto Evandro Chagas e pelo Instituto Pasteur.
Técnicos da Secretaria de Saúde do Pará permanecem na região até julho, fazendo um trabalho de investigação e prevenção. Há cerca de 30 dias não há registro de novo caso ou suspeita e a pasta considera a situação sob controle.
Até o início do mês foram vacinadas aproximadamente 2.500 pessoas na localidade ao longo do rio Laguna, a 70 km da sede de Melgaço. No total, 5.400 doses de vacinas foram encaminhadas e entregues 700 mosquiteiros para a proteção dessa população.
Entre as ações realizadas estão à investigação epidemiológica, visita técnica nas residências e o controle da raiva animal, com a captura seletiva de morcegos. Também é feita a pesquisa do vírus rábico em animais e a busca ativa de casos animais. Mais de 300 cães receberam a vacina e cerca de 90 gatos também foram vacinados.
Para especialistas, as precárias condições sanitárias da comunidade estariam contribuindo para o surto de raiva no município, onde as pessoas são tão pobres que não teriam dinheiro sequer para colocar telas nas janelas, evitando a entrada dos morcegos. A maioria dos habitantes vive em palafitas, com esgoto ao ar livre.
O Ministério da Saúde informou que o País está próximo da eliminação da doença. Em 2017, foram registrados seis casos de raiva humana – um em Pernambuco, um em Tocantins, um na Bahia e três no Amazonas, todos causados pela variante do vírus que circula entre morcegos.
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O ministério informou ainda que não há falta de vacinas antirrábicas caninas. Para este ano, estão previstas 29,5 milhões de doses, que já estão sendo distribuídas nos Estados. A maioria deles, no entanto, realiza as campanhas de vacinação entre setembro e novembro.
Histórico
Casos confirmados de raiva humana no Pará não ocorriam desde 2005, quando 15 casos foram registrados no município de Augusto Corrêa e três em Viseu (nordeste paraense) – todos por transmissão de morcego hematófago (que se alimenta de sangue).
Em 2004, Portel (município do Marajó) registrou 15 casos da doença – todos também por morcegos hematófagos, assim como os seis casos confirmados em Viseu, no mesmo ano.
Todos os casos confirmados nesses dois períodos, segundo a secretaria, evoluíram para óbito.
Sintomas
Todos os casos notificados pela Secretaria de Saúde como suspeitos para raiva humana apresentam quadro semelhante, com sinais e sintomas como febre, dispneia, cefaleia, dor abdominal e sinais neurológicos como paralisia flácida ascendente, convulsão, disfagia (dificuldade de deglutir), desorientação, hidrofobia e hiperacusia (sensibilidade a sons, principalmente agudos).