Sábado, 15 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 11 de maio de 2018
A Receita Federal montou grupo com auditores fiscais especializados para investigar cerca de 800 agentes públicos de Legislativo, Executivo e Judiciário suspeitos de ter cometido fraudes tributárias. O objetivo é mapear até o fim deste mês cerca de 50 agentes públicos – como parlamentares, chefes de governo, juízes, procuradores – como alvos de novas investigações de possíveis crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e ocultação de bens. Em vez de atuar a pedido de outras instituições, a Receita vai fazer suas próprias apurações.
Caso encontre indícios de crime fora do campo tributário, encaminhará o caso para o Ministério Público e a Polícia Federal. Segundo o subsecretário de Fiscalização da Receita, Iágaro Jung Martins, o objetivo é utilizar a experiência acumulada na atuação conjunta com a PF e MPF em grandes operações para fortalecer o trabalho de fiscalização.
“Não existe foro privilegiado na Receita Federal”, o subsecretário. Somente na Lava Jato, a instituição teria instaurado 3.416 procedimentos fiscais que geraram R$ 14,7 bilhões em autuações em impostos, multas e juros não pagos.
Lavagem de dinheiro
O dono da fábrica de refrigerantes Dolly foi preso, em São Paulo. Ele é suspeito dos crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude fiscal. Foram apreendidos uma frota de carros valiosos alguns, de luxo, outros de colecionador; 13 no total. Três helicópteros, e R$ 340 mil em dinheiro. Laerte Codonho estava em casa, em um condomínio de alto padrão, na cidade de Cotia, Região Metropolitana de São Paulo.
Policiais militares e promotores estiveram também no centro de distribuição da empresa, em São Bernardo do Campo. O empresário é suspeito de fraudar R$ 4 bilhões em impostos estaduais e federais. Só em ICMS, um tributo estadual, ele pode ter deixado de recolher R$ 1,4 bilhão, segundo o Ministério Público. Laerte Codonho está preso temporariamente, por cinco dias. Também foram presos o ex-contador da empresa Rogério Raucci, e o ex-gerente financeiro Júlio César Mazzi. Na chegada à delegacia, o empresário disse que a prisão é um engano. “A empresa que eles acusam de compra e remessa ilegal é a Lumia, que comprou os imóveis e pagou com dólares, estrangeira, não é minha. A minha chama Lumia Industries LLC. Estão me prendendo por uma empresa que não é minha”, disse Laerte.
Segundo a investigação, Laerte Codonho é suspeito de montar um grande esquema de fraude fiscal e lavagem de dinheiro. Teria começado com a emissão de notas fiscais irregulares e evoluído para empresas em nome de laranjas. Essas empresas, segundo os promotores, davam notas frias, e quando o estado tentava cobrar os tributos, não conseguia. Com essa estratégia, de acordo com a investigação, Laerte driblava o fisco.
“Havia esquemas para esconder valores dentro de empresas, o que não uma coisa normal, uma empresa que atua no mercado, normalmente, guarda o dinheiro no banco. Essa é uma evidência da sistemática sonegação de impostos. O objetivo é não pagar imposto”, explicou o promotor Arthur Pinto de Lemos Júnior.
O que dizem os citados
O grupo Dolly divulgou uma nota em que declara que a prisão de Laerte Codonho é injusta. Que o empresário sempre colaborou com as autoridades, que vai provar a inocência dele e recorrer contra a prisão temporária. A defesa de Rogério Raucci disse que vai provar a inocência dele durante a investigação. Não foi possível contato com a advogada de Júlio Cesar Mazzi.