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Por Redação O Sul | 19 de abril de 2018
O Comitê de Investigação Russa divulgou na noite de quarta-feira um vídeo que reconstrói os passos de Yulia Skripal, de 33 anos, filha do ex-espião russo Sergei Skripal, de 66 anos. Os dois foram vítimas de um ataque com agente nervoso no último 14 de março em Salisbury, no Sudoeste da Inglaterra. A Rússia nega que tenha provocado o ataque químico, conforme lhe acusa o Reino Unido.
A viagem dela foi observada desde quando saiu de sua casa em Moscou, pegou um táxi e foi para o aeroporto, de onde ela voou para Londres. Segundo os investigadores russos, não foram encontrados traços de um possível envenenamento. No vídeo, é possível ver as imagens de Yulia entre 1:40 e 2:15.
Imagens de câmeras de segurança do aeroporto de Sheremetyevo em Moscou mostram uma mulher, identificada como Yulia pelas autoridades, sai de um táxi do lado de fora do terminal e passa pelos controles de segurança até embarcar no avião. As autoridades afirmaram ter identificado ainda todos os passageiros do voo para Londres e frisaram que nenhum deles apresentou sintomas suspeitos.
Sergei Skripal e sua filha Yulia foram atacados no Reino Unido com um agente nervoso militar no mês passado. Yulia Skripal mora em Moscou e estava visitando seu pai, o que levou pesquisadores britânicos a pensar que ela poderia ter tomado a substância sem perceber.
Londres acusa Moscou do ataque e diz que a substância fabricada pelos soviéticos foi colocada na maçaneta da porta da casa Skripal, em Salisbury, cidade no Sudoeste da Inglaterra. A Rússia nega tal implicação. As autoridades russas também expressaram frustração com a relutância do Reino Unido em compartilhar informações sobre a investigação.
O agente nervoso usado no ataque químico para envenenar o ex-espião russo Sergei Skripal, e sua filha, Yulia, foi usado na forma líquida, disseram funcionários britânicos à BBC nesta terça-feira. Partes da cidade de Salisbury, no Sudoeste da Inglaterra, que ficaram contaminadas com Novichok, serão interditadas por barreiras de alta segurança por meses, enquanto as autoridades trabalham para garantir a segurança do local.
Recusa
Após ter sido envenenada num ataque químico do mês passado junto com o seu pai no Reino Unido, Yulia Skripal, a filha do ex-espião russo Sergei Skripal, recusou a oferta de ajuda da embaixada da Rússia em Londres. Em comunicado emitido pela polícia britânica em seu nome, ela disse que o pai continua em grave estado de saúde, enquanto ela ainda sofre dos efeitos do gás nervoso utilizado contra os dois. Ela deixou recentemente a unidade hospitalar em que havia permanecido por semanas e foi levada para um local seguro, segundo a diretoria do hospital.
Espião
Durante quase dez anos, Serguei Skripal transmitiu aos serviços secretos britânicos informações sobre o Exército russo, até que foi desmascarado, condenado à prisão e depois de alguns anos pôde, enfim, chegar à Inglaterra graças a uma troca de espiões.
Serguei Skripal desenvolveu uma longa carreira no GRU, os serviços de Inteligência do Exército russo, até que ascendeu ao posto de coronel. Em 1999 foi para o Ministério das Relações Exteriores, onde ficou quatro anos, até se tornar professor da Academia Militar-diplomática do Ministério da Defesa.
Sua posição privilegiada chamou a atenção dos serviços de inteligência britânicos, que o recrutaram em 1995, segundo suas declarações à Justiça russa. A partir dessa data, e até a sua prisão em 2004, forneceu a identidade de dezenas de agentes secretos russos que operavam na Europa, assim como informações relativas às unidades militares russas e seu estado de preparação para o combate. Em troca, teria recebido 100 mil dólares por meio de uma conta bancária na Espanha.
Skripal se declarou culpado durante seu julgamento. Foi condenado em agosto de 2006 a 13 anos de detenção em um centro de segurança máxima e perdeu o título de coronel.
Em 2010, a prisão nos Estados Unidos de dez “agentes russos adormecidos” colocou Serguei Skripal novamente em cena. Esses agentes foram trocados por Skripal e outros três condenados no intercâmbio mais importante desde o fim da Guerra Fria. Ele se refugiou na Inglaterra, onde vivia discretamente.