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Colunistas A união renascida

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Há alguns anos, a frase foi introduzida no conhecimento popular. Lia-se na camiseta que o Presidente usava, a cada domingo, nas suas corridas cercado da grande imprensa. E la estava escrito: “O tempo é senhor da razão”.

Não sei se é mesmo. Tenho dúvidas. O que eu sei é que o mundo virou de cabeça para baixo nesses 70 anos (1047-2017), desde que se criou e, nem por isso, mais ideal do que concretude com exceção dos otimistas – poucos – e dos iluminados – muito poucos, o Mercado Comum Europeu.

Eram seis os países parceiros (Itália, Alemanha, França, Holanda, Bélgica e Luxemburgo) que ainda não haviam tratado todos os feridos, sepultado o luto pelos mortos, nem reconstruído o que os canhões de 2 Guerra Mundial fizeram ruínas.

Havia vestígios da guerra de 6 milhões de mortos por toda parte. A sombra das paredes da ARENA-MÃE de todas as Arenas, o Coliseu, assinaram o Tratado de Roma, indiscutivelmente a certidão de batismo do primeiro processo a instituir-se rumo à Integração que teóricos explicavam, poucos entendiam e muitos desejavam.

A 2 Grande Guerra Mundial terminara (?) logo ali no virar a esquina do tempo passado que deixava a sua imagem no olhar perdido de quem não vê. No presente de então “o ritmo trôpego das muletas” anunciava, com suas pancadas, a chegada de um vencido. Não importa se o seu país era tido como vencedor. Na guerra, ninguém ganha. Todos perdem. Alguns, um pouco mais.

Outros, um pouco menos. Ela é cruel porque, na irracionalidade da sua justificativa, deixa como herança maldita a desumanização. Apesar de dramático, o armistício fez-se de luzes muito brancas, iluminando até gente que nas estatísticas da desesperança já morrera. Foi o esforço de aproximação dos que, no medo da morte, mataram, não sabem a quem, nem a quantos e, até mesmo, nem porque, muitas vezes, vingando-se e retalhando quem mal não lhes fizera.

Por isso, quando homens como Konrad Adenauer (alemão) , Alcides de Gasperi (italiano), Robert Schuman (francês) decidiram lutar pacificamente, sem “armistício”, pela União, fruto da compreensão de tantos – a um tempo só – feridos e sangrentos guerreiros – dispostos a pedir, se não perdão, pelo menos desculpas – a quantos – “caminhando” sem destino, na direção de si mesmo, também mataram, e arrependidos, converteram-se com a morte.

Se soubessem, certamente declamariam com Drummond de Andrade:
“ E agora José?
A luz apagou
A festa acabou
E agora José?”

Foi a genialidade e a liderança política – particularmente dos primeiros ministros da Itália, Alemanha, França etc – que transformaram em realidade o sonho de Monnet, que conceituou a Integração como o “esforço pacífico, harmônico e simultâneo de países democráticos para ganhar, no espaço simbólico do bem comum, um pouco mais e perder um pouco menos com o cimento da decência postura vertical de líderes respeitados.

Completou 70 anos o simples, nunca simplório, Mercado Comum. Virou na complexa, as vezes burocrática, mas sempre poderosa União Europeia. Não são só os seis fundadores. Hoje a integram, sediada em Bruxelas, 27 países, tentando, todos eles, fazer-se nela um só. Vieram vitaminar-se na fonte da sua criação: Roma, a cidade eterna. Agora, ao lado do Tratado renascido, com mais dez anos de compromissos formais, mostrou-se que ela é adulta e jovem a um tempo só.

A Europa acaba de responder aos que, precipitados, propagavam que, pela saída da Ilha Britânica (que nunca entrou totalmente), corria o risco de fragmentar-se; reforçou sua unidade, estando pronta até para receber de volta os que, enganando ou enganados, descarrilharam, na estrada larga da Integração.
Surpreso com o tempo que passou (tanto aconteceu e não me apercebi), não sei se é o senhor da razão, mas sei que ainda tenho muito a aprender para – quem sabe – entendê-lo.

Atrevo-me a planejar a ousada empreitada, mais confiante porque usarei a arma que não fere, a da experiência, sem esquecer (nem a ela me submeter) da ironia injuriosa de Bertrand Russel, segundo a qual “a experiência só serve para provar que para nada serve a experiência”. Será?

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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