Sexta-feira, 17 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de outubro de 2025
Três dias após o apagão que atingiu todo o país, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, alertou para o que classificou como situação “extremamente perigosa” no controle do sistema elétrico brasileiro.
Durante audiência no Senado, Sandoval destacou a dificuldade para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) administrar o sistema durante os picos de consumo. Segundo ele, a chamada rampa de carga (termo técnico para a rápida variação entre a geração e o consumo de energia elétrica, especialmente no fim da tarde) pode registrar um aumento de 33% até 2028 pelo crescimento da fonte solar no país.
“Isso é extremamente perigoso. Imagine nesse momento de rampa, se tivermos um incidente, o que é perfeitamente possível de ocorrer, uma danificação de um equipamento importante, uma descoordenação de proteção. Simplesmente ‘vai a pique’ o sistema”, declarou.
Nos últimos anos aumentaram os desafios do ONS para alinhar a geração de energia ao consumo. Isso acontece porque, com o crescimento de fontes intermitentes, principalmente a solar, o sistema elétrico produz mais energia do que a demanda durante o dia. Essa geração, no entanto, tem uma queda brusca no fim da tarde e início da noite — quando não há mais luz para alimentar os painéis solares — justamente no momento em que é registrado o pico de consumo da população, com o uso de aparelhos de ar condicionado, ventiladores, televisores e outros eletrodomésticos.
Na madrugada da última terça-feira (14), um apagão atingiu todas as regiões do país. Segundo o ONS, o problema foi causado por um incêndio em um reator na subestação de Bateias, no Paraná.
As causas do incêndio e do apagão estão sendo investigadas, mas o episódio chamou a atenção para fragilidades e problemas estruturais do setor elétrico brasileiro. O próprio ONS aponta para o “aprofundamento do déficit estrutural” no atendimento dos horários de pico, levando o operador a ter de acionar usinas “firmes” — como termelétricas.
Um leilão para a contratação de reserva de capacidade do sistema está atrasado e sem data para ser lançado. A licitação é considerada fundamental por técnicos ligados ao planejamento e à operação do sistema elétrico nacional. (Com informações do portal O Globo)